LUCAS BOMBANA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar operava com baixa oscilação frente ao real nesta quarta-feira (21), após a aprovação da PEC da Gastança em primeiro turno na noite passada.
Por volta das 14h10, o dólar à vista registrava alta de 0,4%, a R$ 5,1880 na venda, após a forte queda de 1,75% na véspera, na esteira da desidratação da PEC.
Sem uma base sólida na Casa, o PT teve que recuar e aceitou a desidratação da PEC em negociações com os deputados. A versão que avança na Câmara amplia o teto de gastos em R$ 145 bilhões no próximo ano -e não por dois anos, como previa o texto aprovado pelo Senado no início do mês.
A Bolsa de Valores, que também teve um desempenho destacado no pregão passado com alta de 2%, tinha igualmente um dia de baixa movimentação, e operava em leve alta de 0,23%, aos 107.107 pontos.
Apesar da aprovação na véspera, a incerteza que ainda paira sobre a condução da política fiscal em 2023 mantém os investidores com um tom maior de cautela.
“Nosso time de economia avaliou as mudanças como positivas, mas destaca que o impacto fiscal ainda é bastante elevado”, dizem os analistas da XP Investimentos em relatório, no qual lembram que as regras valerão por um ano, e não dois como inicialmente previsto, e considera um adicional de R$ 145 bilhões no orçamento de 2023, garantindo o pagamento do Bolsa Família de R$ 600 e um adicional de R$ 150 por criança de até 6 anos.
O projeto ainda deve possibilitar outros investimentos de R$ 23 bilhões fora do teto de gastos.
“Muito se fala a respeito do prazo da licença para gastar, que fora reduzido de dois para um ano. Contudo, seguem ignorando o fato de que em seis meses o executivo terá que apresentar uma nova âncora fiscal, que substituirá o teto, e poderá ser aprovado por lei complementar. Em outras palavras, não se precisará de licença para gastos fora do teto se o teto não existirá em seis meses, extinto por uma lei complementar, muito mais fácil do que uma emenda a constituição”, dizem os analistas da Ativa Investimentos.
Entre as maiores altas do dia na Bolsa, as ações da resseguradora IRB saltavam 18,5%, depois de a companhia ter divulgado lucro líquido de R$ 6,4 milhões em outubro, revertendo o prejuízo de R$ 84,8 milhões no mesmo período do ano passado. Já no acumulado do ano, a empresa acumula prejuízo de R$ 585 milhões.
Apesar da forte alta, “ainda não vemos sinais claros para uma recuperação do IRB no curto prazo”, disse o analista Gabriel Gracia da Guide Investimentos.
Também entre os destaques do pregão estão as ações do setor de saúde, com alta de 7,8% da SulAmérica, valorização de 6,4% da Rede D´Or e de 4,6% da Qualicorp.
Na segunda-feira (19), a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) aprovou a compra da seguradora SulAmérica pelo grupo de saúde Rede D’Or, mas impôs restrições quanto à Qualicorp. A Rede D’Or tem uma fatia de cerca de 29% na Qualicorp.
Segundo o analista da Guide, o mercado tinha o receio de a ANS ou o CADE () imporem algum tipo de restrição que poderia levar a uma redução da participação da Rede D´Or na Qualicorp como forma de evitar algum potencial conflito de interesses.
A saída encontrada pela ANS que acalmou o mercado foi exigir que o representante da Rede D’Or no conselho da Qualicorp se abstenha de votar em assuntos referentes à SulAmérica, e que não haja nenhuma comercialização exclusiva de planos de saúde da SulAmérica pela Qualicorp ou vice-versa, afimou Gracia.
Nas Bolsas dos Estados Unidos, os principais índices de ações ensaiam um dia de ganhos mais expressivos, após terem fechado em leve alta na terça, com Dow Jones, Nasdaq e S&P 500 com ganhos entre 1,5% e 1,6% no início da tarde desta quarta.
Vindo de uma trajetória recente de quedas na esteira de sinalizações transmitidas pelos bancos centrais indicando um cenário à frente com novas altas de juros para combater a persistente pressão inflacionária, as ações nos EUA ganham força após números fortes reportados pela Nike.
Os papéis da gigante de eventos esportivos sobem cerca de 13,2%, após a companhia reportar na terça um aumento de 17% nas vendas no trimestre encerrado em novembro, com o comércio aquecido com as vendas de final de ano, o que contribui para altas de outros papéis do setor -as ações da Adidas e da Puma avançavam aproximadamente 6%.
Também tem alta expressiva a ação da FedEx Corp, com ganhos de 5%, após a apresentação pela empresa de entregas de cortar custos adicionais no valor de US$ 1 bilhão (R$ 5,2 bilhões).
A FedEx viu as ações tombarem em meados de setembro, após ter sofrido uma rápida queda nos volumes de embarque à medida que as tendências macroeconômicas pioraram.
