O século XX foi declarado o “século da Igreja”, graças à grande contribuição do Concílio Vaticano II sobre este tema. A sociologia contemporânea afirma: “Nenhum ser humano sobrevive sem instituição”. A eclesiologia atual, consciente do “paradoxo e do mistério, que é a Igreja”, aposta no resgate desta “instituição”, para compreender a história deste “povo, convocado para servir o Espírito de Cristo”. Assim, é fundamental conhecer a formação da Igreja, sua relação com Cristo, o seu Espírito e a vida cristã.

O termo grego “ekklesia” –em latim “ecclesia” e, em português, “igreja”– é a tradução da palavra hebraica “qahal”, que significa “convocação” ou “assembleia reunida”. A expressão relembra o momento em que Deus ordenou a Moisés de convocar o povo em assembleia (igreja), para celebrar a aliança sinaítica, entre o povo de Israel e Javé. A Tradição Apostólica (século II e III) assumiu este nome, como as denominações cristãs. No sentido ativo, este termo significa: a Igreja é uma mãe, que convoca e reúne os seus filhos; no sentido passivo: ela é uma fraternidade, convocada e reunida.

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Foram vários os nomes dados à Igreja: “sacramento universal de salvação”, “mistério”, “redil”, “lavoura”, “construção”, “templo”, família”, “esposa de Cristo e seu Corpo, estendido no tempo e no espaço”, “a Trindade sobre a Terra”, Igreja peregrina” e “povo de Deus”. “Realidade complexa”, a Igreja é santa, mas, ao mesmo tempo, necessitada de purificação; “Sancta meretrix” a chamava Santo Agostinho. A Igreja, “povo de Deus”, foi a expressão típica da eclesiologia conciliar. Esta visão a levou a avançar em 7 direções: descentralização, colegialidade, base laical, inculturação, humanização dos relacionamentos interpessoais e entre os povos, ecumenismo e ecologia.

Os Padres da Igreja afirmam: do lado de Adão, dormente, foi gerada Eva, sua esposa; assim, do lado traspassado de Cristo, dormente na Cruz, nasceu a Igreja, sua esposa. Deus quer que o seu Verbo Encarnado seja conhecido, amado, servido e seguido por todos os homens, de todas as raças, línguas e nações: sem a mediação da Igreja isso seria impossível. A Igreja é, assim, a “via ordinária” de salvação; existem, também, outros caminhos, “vias extraordinárias”, que só Deus conhece, para salvar a todos, pois todos são seus filhos. O Espírito Santo derrama as “sementes do Verbo”, nas crenças e culturas, a fim de preparar os povos para acolher Cristo.

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No Concílio Vaticano II (1962-1964), a Igreja tomou uma consciência mais clara de sua vocação e missão, com os documentos: “Lumen Gentium”, “Gaudium et Spes” e “Ad Gentes” e os pós-conciliares: “Evangelii Nuntiandi” (1975), “Redemptoris Missio” (1990) e “Novo Millenio Ineunte” (2.000). Os Santos Padres comparavam a Igreja com a lua: “mistérium lunae”. A Lua não brilha por sua própria luz, mas, a recebe do sol, assim, a Igreja recebe a luz de Cristo, “o Sol, nascente do alto”. “Creio na Igreja” significa: estar em comunhão com a fé dela, ao ler e interpretar as Sagradas Escrituras; como, também, em professar, celebrar e irradiar a fé cristã, pois a Igreja é nossa mãe e mestre, e de toda a humanidade.

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(*Padre Ernesto Ascione é missionário comboniano.)

Foto do destaque: TC Digital

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