Hoje, é um dia feliz: celebramos, numa explosão de alegria e gratidão, a presença real-corporal de Jesus na Eucaristia. Levando Jesus sacramentado pelas ruas e praças da cidade, a Igreja pretende prestar uma homenagem pública ao seu Senhor e Salvador, seu Esposo e Mestre, e pedir-lhe abençoar nossa cidade com toda a riqueza de seus habitantes e de suas atividades. Prolongamento da Quinta Feira Santa – em que celebramos a instituição da Eucaristia, do sacerdócio ministerial e do mandamento novo – a festa do “Corpus Christi” é um ato de culto público em honra de nosso Senhor Jesus Cristo, que quis ficar presente presencialmente no meio de nós “até o fim dos séculos”.

Duas coisas sinto que me faltam – diz o autor da Imitação de Cristo – sem as quais minha vida seria insuportável: a luz e o alimento. A luz da Palavra, para eu não errar no caminho, e a Eucaristia, para ela me sustentar no caminho da vida”.  Papa Urbano 4º, no ano de 1264 instituiu esta solenidade para comemorar a declaração solene do Concílio Lateranense 4º, que elaborou a palavra “transubstanciação” para afirmar a fé da Igreja na presença real-corporal de Cristo na Eucaristia, contra Berengário, que afirmava, apenas uma presença espiritual-simbólica de Cristo, neste sacramento.

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Prefigurado no pão e vinho de Melquisedec, sacerdote do Deus Altíssimo; no maná, que alimentou o povo de Israel no deserto; na farinha e no azeite de Elias em Sarepta e no alimento do anjo ao profeta a caminho do Horeb; nos pães de cevada de Eliseu em Gilgal e na multiplicação dos pães de Jesus em sua vida pública, este sinal prodigioso dos pães foi explicado por Jesus na sinagoga de Cafarnaum. “Tomai e comei; tomai e bebei”:   é o sacramento. “Isto é o meu Corpo; isto é o meu Sangue”: é a presença real-corporal de Cristo na Eucaristia. “Que será entregue por vós”:  é o sacrifício (Catecismo da Igreja Católica). A Eucaristia é, assim, banquete e sacrifício.

A lembrança bíblica é essencialmente diferente da humana; enquanto esta faz reviver o acontecimento só “intencionalmente”, na memória, a recordação bíblica (zíkkaron), ao invés, faz reviver o evento, “realmente”, aqui, agora, por nós: é recordação-presença ao mesmo tempo. A morte e ressurreição do Senhor, ocorridas no passado, acontecem, hoje, misticamente, no rito eucarístico, com nossa participação a fim de recebermos os frutos de sua redenção. Na Santa Missa, participamos, presencialmente, da morte e ressurreição do Senhor, até que Ele volte, na espera de seu Reino definitivo.

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Participar da Procissão do “Corpus Christi” é, assim, manifestar em público: nossa fé no “Corpo entregue e Sangue derramado” de Cristo, prova de seu amor extremado; é proclamar nossa fé, na presença real-corporal do Senhor da Glória, na Eucaristia; é tomar o compromisso de assumir o mesmo estilo de vida de Cristo, de humildade, mansidão e misericórdia; é descobrir nos pobres a viva imagem de Jesus; é lutar para que a ninguém falte o pão de cada dia, e seja, enfim, assegurado a todos saúde, casa, instrução, trabalho, previdência social, segurança e paz.

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(*Padre Ernesto Ascione é missionário comboniano e vigário cooperador da Paróquia São José, Serra-ES.)

 

Foto do destaque: TC Digital

 

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