GEÓRGEA CHOUCAIR
BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – A cervejaria mineira Backer, investigada por contaminação de seus produtos que levou à morte quatro pessoas, além de deixar outras 14 hospitalizadas, apresentou à Justiça um vídeo que aponta possível fraude nos barris de monoetilenoglicol adquiridos de um fornecedor da empresa.

Foto: Reprodução

O vídeo, segundo a fábrica, mostraria indício de sabotagem nos barris de monoetilenoglicol e foi gravado por um ex-funcionário da fornecedora onde as substâncias monoetilenoglicol e dietilenoglicol são supostamente misturadas em um mesmo galão.
A Polícia Civil de Minas Gerais e o Ministério da Agricultura cumpriram mandados de busca e apreensão na quinta-feira (16) na empresa química Imperquímica, de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Documentos e produtos químicos foram recolhidos e encaminhados para a perícia.
A proprietária da Imperquímica, Patrícia Nogueira, disse à reportagem que a polícia recolheu na empresa amostras de monoetilenoglicol. “É o produto que forneço para Backer desde setembro de 2017”, disse. “E nós somos uma das fornecedoras do produto para a Backer.”
Ela afirmou que a empresa não comercializa dietilenoglicol. Segundo Patrícia, o vídeo teria sido gravado por um ex-funcionário que trabalhou na Imperquímica por um período de dez meses. “Ele já se desligou há um ano e nunca tivemos problemas com a Backer.”
A proprietária da Imperquímica afirma que o vídeo foi indevido e que o ex-funcionário aproveitou-se da situação para receber um adicional de insalubridade na remuneração. “Tudo vai ser investigado e ele vai pagar por isso. Se não pagar, eu vou desacreditar da nossa Justiça.”

Foto: Reprodução

Ainda segundo ela, os tambores de monoetilenoglicol chegam com 220 kg na empresa. “Vendemos fracionado em 20 kg ou 30 kg, exceto para a Backer. Como é uma empresa grande, só compram o tambor lacrado, do jeito que chega aqui. E não aceitam se não for original.”
No vídeo, os funcionários estariam embalando as frações do produto, segundo o advogado da Imperquímica, Mário Saveri. “O vídeo não mostra a mistura das substâncias, mas a divisão das embalagens em porções menores, de 5 kg, 10 kg ou 15 kg, como o produtos são vendidos para as empresas menores.”
Patrícia alegou que não sabe a diferença de preço entre as substâncias monoetilenoglicol e dietilenoglicol, mas que as pesquisas do seu advogado apontam o dietilenoglicol como produto mais caro, ao contrário da informação de que este produto seria mais barato para ser misturado ao monoetilenoglicol.
A Backer divulgou nota nesta sexta-feira (17) na qual diz que teve acesso a um vídeo cujo conteúdo poderia estar relacionado às investigações da contaminação com as marcas da cervejaria.
A empresa afirma que não está em posse do material, uma vez que ele foi repassado à Polícia Civil. “A Backer reforça que é a principal interessada na apuração dos fatos e que o objetivo é auxiliar e contribuir sem restrições com as autoridades.”

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