SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Quando Raphinha balançou a rede do goleiro Dahmen, Tite comemorou efusivamente, cerrando os punhos e gritando, agressivo, com os olhos arregalados. Abraçou primeiramente Militão, em seguida outros jogadores do banco de reservas. O cronômetro apontava 40 minutos do primeiro tempo de um amistoso em que o Brasil batia a Tunísia por 4 a 1.

A partida de terça-feira (27), no Parque dos Príncipes, em Paris, terminou em triunfo da seleção por 5 a 1. Um placar que não ilustra a tensão do último compromisso do time verde-amarelo antes da Copa do Mundo do Qatar. Houve bate-bocas, faltas duras, cartão vermelho e uma banana arremessada no gramado.

O episódio se deu no momento em que Richarlison celebrava o segundo gol do Brasil. Tite se revoltou -com isso e com uma luminosidade, provavelmente de raio laser, dirigida frequentemente aos olhos de Neymar-, o que ajuda a explicar sua reação no tento de Raphinha. Mas gostou do que viu em campo.

A Tunísia, que está classificada para o Mundial, não tinha sido vazada em seus sete jogos anteriores. Eram apenas três gols sofridos em 12 duelos na temporada. Os atletas brasileiros, porém, souberam envolver a marcação -muitas vezes violenta- para estabelecer uma goleada ainda na etapa inicial na França.

A formação, em tese, era menos ofensiva do que a adotada na sexta (23), no triunfo por 3 a 0 sobre Gana, com Fred e sem Vinicius Junior. A escalação, que deve estar bem próxima daquela que será usada na primeira rodada da Copa, contra a Sérvia, foi: Alisson; Danilo, Marquinhos, Thiago Silva e Alex Telles; Casemiro, Fred, Raphinha e Paquetá, Neymar e Richarlison.

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Com a bola, Telles se juntava aos zagueiros para uma saída em três jogadores, função que no Qatar será do hoje lesionado Alex Sandro. Danilo se juntava a Casemiro em uma segunda linha, deixando o volante Fred mais solto para a aproximação aos homens de frente, com Raphinha aberto na direita e Paquetá na esquerda.

Funcionou rapidamente. Logo de cara, Paquetá perdeu chance clara. Aos 11 minutos, a segunda linha trabalhou bem: Casemiro recebeu de Danilo e acertou um lançamento preciso para Raphinha encobrir o goleiro de cabeça. A tensão da partida apenas começava a se estabelecer, mas Tite já vibrou como se fosse um jogo de Copa.

O gol levado em seguida também foi encarado como um golpe duro. Aos 17, Talbi subiu com alguma liberdade após cobrança de falta e cabeceou no canto direito de Alisson. A falha no combate ao jogo aéreo é preocupante, especialmente porque em seu debute no Mundial o Brasil vai encarar o ótimo cabeceador Mitrovic.

A reação, no entanto, foi rápida. Aos 19, Richarlison recebeu de Raphinha na cara do gol, em falha dos tunisianos na linha de impedimento, e balançou a rede. Aí, a banana foi arremessada -segundo a transmissão da TV Globo, de uma área das arquibancadas com torcedores da Tunísia, numerosos em Paris-, e o confronto foi de tenso a bastante nervoso.
Houve bate-boca, empurra-empurra, cartões por reclamação. Neymar era alvo frequente e revidava, ouvindo dos companheiros e do banco pedidos de calma. Mas a superioridade brasileira era clara. Paquetá só não marcou por causa de ótima defesa de Dahmen. Que não segurou batida de pênalti de Neymar, com paradinha, aos 29.

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Neymar também participou do quarto gol, buscando passe na área. Richarlison rolou para Raphinha bater no cantinho, provocando a citada reação efusiva de Tite. E Neymar voltou a ser personagem aos 42, quando deu drible em Bronn e levou entrada dura. O árbitro francês Ruddy Buquet percebeu que era hora de controlar os ânimos e tirou o cartão vermelho do bolso.

No intervalo, o treinador da seleção cumpriu a expectativa, colocando em campo Pedro na vaga de Richarlison. Entrou também Vinicius Junior, substituindo Paquetá. O ritmo não foi o mesmo da etapa inicial, e a Tunísia até teve momentos de posse de bola, mas, com um a menos, acabou sendo castigada.

Aos 29 minutos, Pedro teve a oportunidade que esperava para ficar bem perto da convocação para o Qatar. Vinicius Junior tentou tabela na área com Antony (acionado no segundo tempo), e a bola sobrou para o centroavante do Flamengo, que voltou a mostrar sua excelente capacidade de conclusão.

Ainda foram observados os reservas Ibañez, Renan Lodi e Rodrygo na derradeira experiência do Brasil antes da Copa. A comissão técnica promete continuar observando os atletas em seus clubes, mas não haverá mais amistosos até a ida ao Oriente Médio -onde também não há duelos programados.

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Tite precisa definir até 21 de outubro uma lista com 55 jogadores. Os 26 nomes da relação final devem ser entregues à Fifa (Federação Internacional de Futebol) até 14 de novembro, mas a delegação já estará reunida nessa data. O chamado será anunciado antes, embora ainda não haja uma data estabelecida pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

O Mundial será realizado entre 20 de novembro e 18 de dezembro, concentrado na cidade de Doha e em seus arredores. A seleção fará a sua estreia em 24 de novembro, contra a Sérvia. Quatro dias depois, medirá forças com a Suíça. Sua participação no Grupo G será fechada em embate com Camarões, em 2 de dezembro.

BRASIL
Alisson; Danilo, Marquinhos (Ibañez), Thiago Silva, Alex Telles (Renan Lodi); Casemiro, Fred (Rodrygo), Neymar; Raphinha (Antony), Richarlison (Pedro), Lucas Paquetá (Vini Jr). T.: Tite

TUNÍSIA
Dahmen; Drager (Valery), Talbi, Bronn, Ben Ouannes; Skhiri, Laidouni (Mejbri), Chaalali (Khazri); Ben Slimane (Sliti), Jaziri (Ghandri), Msakni (Khenissi). T.: Jalel Kadri

Estádio: Parque dos Príncipes, em Paris (FRA)
Juiz: Ruddy Buquet (FRA)
Cartões amarelos: Neymar, Richarlison (Brasil); Msakni (Tunísia)
Cartão vermelho: Bronn (Tunísia)
Gols: Raphinha, aos 10min e aos 39min, Richarlison, aos 18min, e Neymar, aos 28min do primeiro tempo, e Pedro, aos 28min do segundo tempo (Brasil); Talbi, aos 17min do primeiro tempo (Tunísia)

 

Foto de destaque: Lucas Figueiredo/CBF

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