SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Para as próximas reuniões, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central indicou que fará “ajustes adicionais em ritmo menor” na taxa básica de juros (Selic), conforme ata da última reunião divulgada nesta terça-feira (8).

“Um novo ajuste de 1,5 ponto percentual, seguido de ajustes adicionais em ritmo menor nas próximas reuniões, é a estratégia mais adequada para atingir aperto monetário suficiente e garantir a convergência da inflação ao longo do horizonte relevante, assim como a ancoragem das expectativas de prazos mais longos”, detalhou a autoridade monetária.

Na última semana, o Copom elevou a taxa básica de juros novamente em 1,5 ponto percentual, a 10,75% ao ano. Com isso, a Selic voltou aos dois dígitos pela primeira vez após quase cinco anos, a última vez havia sido em julho de 2017.

Foto? Marcello Casal jr/Agência Brasil

A taxa Selic agora está no maior patamar desde maio de 2017, ainda no governo de Michel Temer (MDB), quando os juros eram de 11,25% ao ano.

Após o encontro, o BC havia sinalizado que o ciclo de aperto monetário não chegou ao fim e indicou uma redução do ritmo de ajuste da taxa básica de juros já no próximo encontro, marcado para os dias 15 e 16 de março. Mas o passo dessa desaceleração continua em aberto.

“A incerteza particularmente elevada sobre preços de importantes ativos e commodities, assim como o estágio do ciclo, fez o Comitê considerar mais adequado, neste momento, não sinalizar a magnitude dos seus próximos ajustes”, explicou a autarquia, na ata.

O ciclo de aumento dos juros no Brasil –oito altas seguidas, totalizando 8,75%– terá a maior elevação desde a introdução do sistema de metas de inflação, em 1999. Houve altas comparáveis somente entre 2002 e 2003 (8,5%, com ritmo mais veloz) e entre 2013 e 2015 (7%). Em março de 2021, a Selic estava em 2% ao ano, menor patamar histórico.

A ata do Copom também apontou que o Banco Central demonstrou preocupação com a adoção de políticas fiscais visando controlar a inflação no curto prazo, pontuando que as medidas podem gerar efeito de alta na inflação. A inquietação da autoridade monetária, que adota um tom mais duro nesse sentido, ocorre em meio à discussão sobre PEC dos Combustíveis.

” O Comitê nota que mesmo políticas fiscais que tenham efeitos baixistas sobre a inflação no curto prazo podem causar deterioração nos prêmios de risco, aumento das expectativas de inflação e, consequentemente, um efeito altista na inflação prospectiva”, indicou.

As expectativas de inflação apuradas pela pesquisa Focus para 2022 e 2023 estavam em 5,4% e 3,5%, respectivamente, ambas acima do centro das metas para os períodos, de 3,5% e 3,25%. Esse foi o cenário utilizado na simulação do BC.

A pesquisa Focus é feita pela autoridade monetária semanalmente. Nela, o BC coleta as projeções de economistas de instituições financeiras e casas de análise para os principais indicadores da economia, entre eles inflação, PIB (Produto Interno Bruto) e taxa de juros, para os próximos quatro anos.

As projeções de inflação do Copom situam-se em 5,4% para 2022 e 3,2% para 2023. Para este ano, o número já é superior ao máximo permitido no intervalo de tolerância de 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo, que é de 5%.

“O Copom considera que, diante do aumento de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário avance significativamente em território contracionista. O Comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.”

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