ISABELA PALHARES

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A aluna da USP Alicia Dudy Muller Veiga, 25, que confessou ter desviado quase R$ 1 milhão do fundo da formatura dos colegas, retornou a frequentar a Faculdade de Medicina. Ela ainda não voltou às aulas e está apenas frequentando o estágio com as turmas de pós-graduação.

De acordo com seu advogado Sérgio Stocco, ela voltou para a universidade na última segunda (27). Segundo ele, a decisão de retornar apenas para o estágio foi da própria Alicia, em conjunto com sua coordenadora e a direção da Faculdade de Medicina.

Ainda segundo Stocco, Alicia deve retornar às aulas também, mas decidiu voltar à universidade de forma gradual. Ele disse que a aluna está se sentindo segura no ambiente acadêmico e não houve nenhum incidente com os demais estudantes.

Há cerca de duas semanas, quando o advogado anunciou que ela deveria retornar à faculdade, a notícia gerou revolta entre os alunos que chegaram a solicitar uma reunião com a diretora do curso.

Foto: Reprodução / USP

A Folha de S.Paulo procurou a Faculdade de Medicina para comentar o retorno da aluna, mas não teve retorno.

Alicia foi indiciada sob suspeita de apropriação indébita, mas a Promotoria avalia que ela cometeu crime de estelionato. Por isso, solicitou o retorno do inquérito para a autoridade policial para que seja colhida a representação das vítimas a fim de discriminar “de forma individual o prejuízo suportado para cada uma delas”.

Os desvios no fundo de formatura da turma de medicina se tornaram conhecidos em janeiro, quando a própria estudante escreveu em um grupo de WhatsApp que havia investido parte do dinheiro guardado para a festa em uma corretora, que lhe teria dado um golpe -versão que não se sustentou.

Em depoimento posterior à polícia, a aluna afirmou que investiu o valor, mas perdeu o dinheiro por falta de conhecimento em finanças. Com isso, passou a jogar na loteria para tentar recuperar o montante.

A investigação apontou que Alicia utilizou parte do dinheiro para cobrir despesas pessoais. Ela recebeu nove transferências do fundo de formatura para contas próprias de novembro de 2021 até dezembro de 2022.

Os repasses foram feitos pela empresa Ás Formaturas para três contas pessoais de Alicia, a pedido da estudante, que era presidente da comissão de formatura.

Cada transferência pode ser considerada um crime cuja pena máxima é de quatro anos de reclusão. Assim, ela poderia pegar uma pena de até 36 anos.

Após investigação do Procon, a empresa organizadora da festa disse ao órgão que se comprometia em absorver o prejuízo de R$ 920 mil dos estudantes de medicina da USP e realizar o evento sem custo extra para os formandos.

Além de apropriação indébita, Alicia é investigada por suspeita de estelionato e lavagem de dinheiro pela polícia de São Bernardo do Campo (Grande São Paulo). Essa investigação teve início após ela tentar apostar, sem pagar, um total de R$ 891 mil em bilhetes da Lotofácil.

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