Thomas Moure, humanista e diplomata inglês, foi chanceler do rei Henrique 8º. No seu livro ”Utopia”, defende uma sociedade ideal, regida pela razão –os direitos humanos– e pela religião e denuncia os males de seu tempo, realçando, sobretudo, o descaso, que o poder civil fazia das categorias mais pobres daquela sociedade hierárquica, autoritária e excludente.

Nasceu em Londres (Inglaterra), no dia 7 de fevereiro de 1478, filho do juiz John Moure, cavaleiro do rei Eduardo 4º e de Agnes Graugner. Com 13 anos foi enviado para Canterbury, onde estudou por 4 anos no mosteiro beneditino.

Formou-se em Direito na Universidade de Oxford e, em 1504, tendo apenas 26 anos de idade, tornou-se membro do Parlamento. Casou-se com Jane Colt, com quem teve 4 filhos. Os debates parlamentares lhe valeram títulos honoríficos das Universidades de Oxford e Cambridge.

Em 1516, publicou a sua obra literária mais importante: “Utopia” e, em 1518, “República”, em que anunciava o advento de uma nova sociedade: democrática, laica, plural e popular, e em 1520 editou: “A História de Ricardo 3º”, obra-prima da historiografia inglesa.

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Em 1521, foi nomeado vice-tesoureiro e sagrado cavaleiro, como prêmio pela habilidade no desempenho de árduas negociações e, em 1523, foi eleito chanceler do rei Eduardo 8º.

Em 1527, desencadeou-se um forte conflito entre o Papa Clemente e o rei. A esposa de Henrique 8º, Catarina de Aragão, só deu uma filha ao rei. Este, temeroso de morrer sem deixar descendente masculino, resolveu divorciar dela. Pediu ao Papa a anulação de seu casamento; tendo considerado válido o casamento do rei –portanto, indissolúvel– o Papa recusou a anulação.

Perante a indignação do rei pela recusa do Papa –o rei queria separar-se da Igreja de Roma e fundar uma sua própria Igreja– pediu demissão de seu cargo. Permaneceu ¨ficha limpa”, sabendo que isso podia lhe custar a cabeça.

Acusado de alta traição, foi preso na Torre de Londres, julgado e condenado à morte, por decapitação: até neste evento não perdeu o seu bom humor. Faleceu em Londres, no dia 6 de julho de 1535. Foi beatificado, em 1886, pelo Papa Leão 13 e canonizado, em 1935, pelo Papa Pio 11 e, no ano 2.000, foi declarado patrono dos estadistas e dos políticos pelo Papa São João Paulo 2º.

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Um filme, realizado sobre a vida de Thomás Moure: “O Homem que não vendeu a sua alma”, realça a luta, travada por Moure, entre a voz de sua consciência, reta e pura, e a atitude despótica do rei e os ensinamentos deste grande estatista: os direitos do homem são os direitos de Deus; política e ética andam juntos; o poder é dado não para vantagens pessoais; nada fazer contra a voz de sua própria consciência; a justiça precede a caridade; o que interessa a todos deve ser debatido por todos e quem preside a todos deve também ser escolhido por todos.

São Thomas Moure, ajude nossa sociedade a gerar novos políticos, que pautem suas vidas pela competência, por um amor preferencial pelo povo mais humilde e pela coerência de vida.

(*Padre Ernesto Ascione é missionário comboniano e vigário cooperador da paróquia São José, Serra-ES.)

 

Foto do destaque: Arquivo TC Digital

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