LUCAS BOMBANA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Temores renovados dos investidores sobre o risco de recessão nas grandes economias globais nos próximos meses e relativos à duração da guerra na Ucrânia impõem uma sessão de queda nas principais Bolsas globais no primeiro pregão desta semana.

Na mesma toada dos pares no exterior, o índice de ações Ibovespa oscilava em baixa de 0,50% por volta das 12h25 nesta segunda-feira (10), negociado aos 115.789 pontos.
Nos Estados Unidos, o sentimento de maior aversão ao risco também predomina -o S&P 500 recuava 0,78%, o Nasdaq cedia 1,09% e o Dow Jones registrava desvalorização de 0,27%.

Por conta do feriado do “Dia de Colombo”, comemorado nesta segunda nos Estados Unidos, as negociações dos títulos públicos do Tesouro americano estão suspensas, o que contribui para uma redução na liquidez dos mercados.

Foto: freepik.com

No câmbio, após iniciar o pregão em queda, tendo chegado a encostar na mínima de R$ 5,1630, o movimento de enfraquecimento do dólar perdeu força, e a moeda americana operava perto da estabilidade no início da tarde, com uma queda apenas moderada de 0,17%, cotada a R$ 5,2040 para venda.

A queda da moeda norte-americana nesta manhã era interpretada por alguns participantes do mercado como uma continuação da tendência recente de depreciação do dólar na esteira do primeiro turno das eleições locais, que reduziu a percepção de risco relacionada ao país. No acumulado da semana passada, a divisa dos EUA perdeu 3,34%, seu maior tombo semanal desde julho.

DADOS DE TRABALHO NOS EUA E PROLONGAMENTO DA GUERRA NA UCR NIA DERRUBAM MERCADOS GLOBAIS
O mau humor dos investidores em escala global dá prosseguimento ao movimento já observado na última sexta-feira (7), após dados sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos voltarem a aumentar os receios a respeito de uma forte desaceleração, e possível recessão na economia americana um pouco mais à frente.

Analistas avaliam que a queda da taxa de desemprego e uma abertura de novas vagas de trabalho acima das expectativas reforça o risco de o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) ter de prosseguir ainda por mais algum tempo com o processo de alta dos juros para controlar a inflação, aumentando as chances de um impacto mais profundo sobre o desempenho da economia na região.

Os novos desdobramentos nos conflitos entre Rússia e Ucrânia nos últimos dias, e os impactos prolongados sobre a economia europeia, também pesam para impedir uma recuperação nos preços das ações nas Bolsas.

Dois dias depois do audacioso ataque à ponte da Crimeia, que liga a península anexada em 2014 ao território russo, as forças de Vladimir Putin fizeram nesta segunda-feira o mais amplo ataque a cidades da Ucrânia em mais de três meses.

“Infelizmente o noticiário recente reduz marginalmente a probabilidade de encerramento precoce da guerra, como chegou a se aventar a menos de 1 mês atrás por algumas autoridades sobre o assunto”, disse Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos em relatório.

Além disso, novas restrições anunciadas na sexta-feira pelo presidente dos EUA, Joe Biden, relativas à exportação de chips e semicondutores à China, provocaram quedas agudas no mercado asiático -o índice acionário Hang Seng, de Hong Kong, tombou 2,95%, enquanto o CSI 300, da China, cedeu 2,21%.

COMMODITIES E BANCOS PRESSIONAM IBOVESPA PARA BAIXO; COSAN SEGUE EM FORTE QUEDA
No mercado local, o Ibovespa é pressionado para baixo pelos papéis das grandes exportadoras de commodities e dos grandes bancos, dois setores de maior relevância para balizar o desempenho geral da Bolsa brasileira.

As ações ordinárias da Petrobras recuavam 0,51%, enquanto as preferenciais caíam 0,74%.

Já os papéis da Vale oscilavam em baixa de 2,29%, e os da Cosan, que na sexta-feira já haviam tombado mais de 8%, voltam a operar em forte queda, de 5,05%.

A Cosan anunciou na sexta a compra de 4,9% do capital da Vale, e informou ainda que pretende ampliar sua participação na mineradora para até 6,5%.

“Acreditamos que o impacto desta transação é neutro para as ações da Vale. A Cosan será apenas mais um acionista, ainda que relevante, e não deve mudar os rumos da empresa.

Para a Cosan, o impacto é negativo, pelo menos no curto prazo. A transação é muito grande e deve pressionar as ações do grupo em função do risco de emissão de novas ações, além de impactar negativamente no risco de crédito da empresa”, afirmaram os analistas da Guide Investimentos em relatório.

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