NICOLA PAMPLONA

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), Rodolfo Saboia, afirmou nesta quinta-feira (19) que ainda não vê desabastecimento de combustíveis na Amazônia, apesar das dificuldades cada vez maiores para o transporte de carga pelos rios da região.

“Existe a restrição à circulação nos rios por conta da seca”, disse Saboia em evento organizado pelo Sindigás (Sindicato das Empresas Distribuidoras de GLP, o gás de botijão), “mas no momento não há notícias de restrições ao abastecimento”.

O agronegócio, por exemplo, já vem desviando cargas para Santos, diante das restrições à navegação de comboios que levam grãos para exportação em portos da região Norte. Os volumes desviados, por enquanto, são pequenos, segundo a Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais).

Segundo o diretor da ANP, uma sala de situação montada pelo MME (Ministério de Minas e Energia) vem monitorando eventuais restrições para acionar os órgãos responsáveis por adotar medidas para garantir o abastecimento.

TEFE, AM, 13.10.2023. Leito seco do rio Solimões próximo a comunidade indígena Porto Praia, na região do Médio Solimões. (Foto: Lalo de Almeida/ Folhapress)

A ANP, por exemplo, tem acelerado a emissão de autorizações para a transferência de produtos entre navios e barcaças em locais alternativos, diante de dificuldades de acesso às áreas onde essas operações são feitas normalmente.

“No momento em que é necessário fazer essa operação em um ponto do rio onde não há essa autorização, a ANP é acionada para liberar extraordinariamente esse procedimento”, explicou. “Temos motivos para nos preocuparmos, mas até o momento as necessidades têm sido atendidas”.

O presidente do Sindigás, Sergio Bandeira de Melo, disse que as distribuidoras de gás de botijão têm adotado estratégias alternativas para conseguir chegar a pontos menos acessíveis da região. Quando é possível, diz, o produto é transferido a caminhões.

Além disso, as barcaças que transportam os botijões têm carregado volumes menores para poder navegar por áreas mais secas. Segundo ele, também não há ainda registro no setor de falta de botijões em cidades da região.

Bandeira de Melo diz que a redução da carga por embarcação representa custo adicional às empresas, mas que ainda não vê repasse ao preço final do produto. “Estamos com um custo operacional mais alto, tendo que navegar com menos carga e fazendo viagens mais longas.”

Ele defendeu ainda que o cenário atual reforça a necessidade de melhorias na rodovia BR-319, que liga Porto Velho a Manaus e é hoje uma alternativa aos rios para o transporte de botijões. “Sem entrar no mérito ambiental, precisamos ter a BR-319 funcionando”.

Foto do destaque: Lalo de Almeida/ Folhapress

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