No ano 2.000, por ocasião do Ano Jubilar da Redenção, foi escolhido como emblema do evento a imagem da Santíssima Trindade. No centro, estava o Pai Celeste que, com suas mãos fortes, segurava o seu Filho predileto, pregado na cruz. O Espírito Santo, em forma de pomba, voava em direção dos pés furados do Crucificado, que se apoiavam sobre o globo terrestre, para significar a nossa origem divina e o nosso destino eterno. No pano de fundo, se entrevia o sol, a lua e as estrelas para indicar que, também, o “cosmos” era governado pelas três pessoas divinas. Ao redor da imagem, estavam escritas as palavras do sinal da cruz: “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.

Nós cremos no mistério de Deus-Trindade –mistério inacessível à pura razão humana– porque no-lo foi revelado por Jesus, o Verbo de Deus, que se fez homem: “Ninguém jamais viu a Deus –diz o Prólogo de São João– o Filho Unigênito, que estava no seio do Pai, no-lo deu a conhecer”. A Trindade está presente no “cosmos”, como nos eventos humanos e no íntimo mais íntimo do nosso coração: “Pretender provar o mistério de Deus é ousadia –diz São Bernardo– crer nele é piedade; entrar em comunhão com Ele é plenitude de vida e alegria”.

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O plano de Deus, concebido desde a eternidade, è realizado, no tempo, pelas três pessoas divinas: o Pai, “na plenitude dos tempos”, envia o seu Filho para elevar a nossa condição humana a ser participante da condição divina e fundar o Reino de justiça e fraternidade; o Filho, “se fez carne”, morreu e ressuscitou, e fundou a Igreja para continuar a sua obra messiânica até à Parusia. O Espírito Santo, dom do Pai e do Filho, é enviado por ambos, para derramar sobre os homens seus dons e carismas a fim de santificar a história humana, onde crescem as sementes do Verbo.

O mistério trinitário –mistério de Amor, que nos envolve, e dentro do qual mergulhamos como num oceano vastíssimo e inesgotável– inspira a implementação de novas relações humanas, feitas de diálogo, participação, justiça, fraternidade, gratuidade e do desejo de servir, sobretudo, os mais necessitados. Como o Pai nada perde, ao criar o mundo; o Filho não se empobrece, ao doar a sua vida, e o Espírito Santo não se priva de sua luz, ao inundar com seu brilho o universo, assim, o homem, ao assumir o espírito trinitário, nada perde e tudo ganha, pois cresce por dentro, em humanidade.

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Celebrar a Trindade é, assim, um convite para: descobrir a presença misteriosa, mas, real de Deus, em nós, feitos seu templo; ver os sinais de sua presença nos fatos da vida, nos fatos de nossa vida; elevar a ela nossa adoração silenciosa, da oferta de nós mesmos, de agradecimento, louvor e intercessão; rezar com mais convicção e fervor as orações do “Credo”, “Glória ao Pai” e “Sinal da Cruz”, elaboradas por Santo Atanásio, doutor da Igreja, por ocasião do Concílio de Constantinopla, celebrado no ano 381 da nossa era.

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(*Padre Ernesto Ascione é missionário comboniano e vigário cooperador da paróquia São José, Serra-ES.)

Foto do destaque: TC Digital

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