Os primeiros três dias de funcionamento no novo horário, de 11h30 às 17h30, já foram suficientes para que donos de restaurantes sentissem uma redução de 30% no movimento. A alteração, solicitada pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), impactou o comércio, conforme relataram Mara Zanelato, do Restaurante Robertinho, e Lucas dos Santos Gomes, do Restaurante Avenida.
Uma nova portaria da Secretaria Municipal de Saúde que começou a vigorar desde segunda-feira (27) estipulou que alguns estabelecimentos funcionassem das 11h30 às 17h30. Antes, eles poderiam abrir às 10h e fechar às 16h.
“Quem pedia marmita agora já vai trabalhar depois de almoçar em casa”, sustentou Mara. Lucas aponta que às 10h os comerciários estavam preferindo adquirir marmita na hora do almoço, evitando ir em casa neste intervalo. Agora, apenas alguns continuam procurando o restaurante.
A redução no movimento veio no momento em que estabelecimentos da área de alimentação estão se reinventando em decorrência das medidas de prevenção ao novo coronavírus. Sem poder vender bebidas alcóolicas e abrir depois das 18h, Lucas salientou que procurou cortar gastos e fortalecer o serviço de delivery. Desta forma, consegue manter os funcionários.
Mara lembra que “o comércio já não estava essas maravilhas” antes da pandemia, citando as dificuldades enfrentadas nas crises da segurança pública e hídrica e até mesmo a política de desinvestimento promovida pela Petrobras na região.
Diante dos desafios atuais, Mara reforça que o restaurante atua quase que exclusivamente com entregas, “porque não pode abrir à noite”. Ela salienta que tem se preocupado com cuidados de prevenção, mas a maioria das pessoas têm preferido comprar marmita do que comer no local.
Gestores avaliam que clientes ainda estão se acostumando à nova rotina
Apesar de não constatarem melhoras nas vendas com o horário de 11h30 às 17h30 de funcionamento do comércio, os gestores Marcelo Silva e Rodrigo Time avaliam que os clientes ainda estão se acostumando à nova rotina, com o comércio abrindo mais tarde.
Gestor da boutique Vitral, Marcelo Silva disse que nos três primeiros dias percebeu queda no movimento, com diminuição da procura. Ele entende que pode ser porque os clientes ainda não se programaram aos novos horários. Acredita ainda que é cedo para fazer uma avaliação mais aprofundada, o que poderá ser feito depois de sexta-feira.
Já Rodrigo Time, gestor da Lodi Presentes, avaliou que não percebeu alteração no movimento. Ele opina que o comércio melhorará quando for possível reabrir aos sábados, “porque quem trabalha em outros segmentos não conseguem ir às compras na semana”. No entanto ele avalia que o horário reduzido aumenta as chances de aglomeração.
O gestor indica o exemplo de alguns municípios em Minas Gerais, como Governador Valadares, Belo Horizonte, Contagem e Ribeirão das Neves, que permite o funcionamento do comércio entre 8h e 22h, com escalas diferentes, evitando assim que os clientes se aglomerem nas lojas.
DESAFIOS
Neste período de pandemia, as lojas estão se reinventando. Marcelo relatou que conseguiu manter os colaboradores na boutique com as medidas emergenciais do Governo Federal e com o sistema de vendas virtuais e delivery. O mesmo foi relatado por Rodrigo Time na Lodi Presentes. Ele observa ainda aumento nas vendas de brinquedos, já que as crianças estão ficando em casa.