A Assembleia Legislativa (Ales) sediou, nesta quinta-feira (1º), o II Fórum Estadual Municípios Lixo Zero, para a troca de experiências sobre a gestão de resíduos sólidos. O descarte adequado de equipamentos eletrônicos, pneus, resíduos da construção civil e, também, o impacto do lixo nos oceanos estão entre as temáticas abordadas por especialistas.

O evento, idealizado pelo Instituto Lixo Zero Brasil (ILZB), ocorre em mais de 50 cidades e, no Espírito Santo, foi organizado pelo Instituto Lixo Zero Capixaba, com o apoio da Comissão de Meio Ambiente da Ales.

Gandini e Grazielli: troca de experiência entre municípios sobre a gestão de resíduos sólidos.
Foto: Wilbert Suave/Divulgação

No evento, destacou-se também a necessidade de adotar boas práticas rumo a cidades mais sustentáveis e formar uma rede capixaba “lixo zero”, com a participação de profissionais, gestores públicos e iniciativa privada.

Números globais

O primeiro painel foi apresentado pela promotora de Justiça Isabela de Deus Cordeiro, que é coordenadora do Fórum Capixaba de Resíduos Sólidos. Ela fez uma ampla apresentação sobre gestão dos resíduos, mudanças climáticas, perda da biodiversidade, entre outros assuntos.

“Existe um grave comprometimento ao equilíbrio ecológico atual. Há um grave contexto de esgotamento planetário. Esse impacto e esse desequilíbrio têm se mostrado na questão das mudanças climáticas (…)”, alertou.

Sobre a produção de lixo mundial, ela mostrou que, em 1900, a produção era de 0,5 milhão de toneladas por dia. Em 2010, 4 milhões de toneladas. A projeção é que, em 2050, o mundo produza 8 milhões e, em 2100, de 9 a 12 milhões de toneladas por dia de resíduos.

Um dos principais produtos que geram esse impacto ambiental são os descartáveis. Em 1964, o planeta produzia 15 milhões de toneladas de plástico. Em 2014, a quantidade já era quase 20 vezes maior, com a produção de 311 milhões de toneladas anuais.

Espírito Santo 

A representante do Ministério Público Estadual também apresentou dados referentes ao Espírito Santo. No estado, 15% dos municípios não têm nenhum tipo de coleta seletiva. A maior parte dos municípios conta com o serviço, mas a coleta seletiva não chega nem a 10% do total do lixo produzido nas cidades.

Foto: Ellen Campanharo/Divulgação

Uma das formas de mudar esse cenário é o investimento nas associações de catadores de recicláveis e na educação ambiental. “A gente não tem uma população comprometida a realizar coleta seletiva. Para avançar é preciso investir em educação ambiental, em fiscalização, nas associações e na cadeia produtiva da reciclagem”, disse.

Eletrônicos

O segundo painel foi apresentado por Elber dos Reis Tesch, da empresa ES Ambiental, com o tema “Logística e manufatura reversa de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos”. Um dos dados apresentados por ele foi a quantidade de dispositivos digitais no Brasil e no mundo.

No cenário brasileiro, por exemplo, há mais celulares do que pessoas. Dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de maio deste ano mostram que existem 249 milhões de smartphones e 215 milhões de computadores no país, com uma taxa de 2,2 dispositivos digitais por habitante, o que gera uma enorme quantidade de lixo eletrônico.

Outras palestras

Na parte da manhã, também foram realizados outros dois painéis: “Qualidade e eficiência na gestão de resíduos”, com o engenheiro sanitarista e ambiental Mateus Peçanha; e “Transformando desafios em oportunidades: ressignificando o lixo”, apresentado pela bióloga Eliane Mello.

Na parte da tarde, foram realizadas mais quatro apresentações: “A importância da reciclagem na construção civil”, com o engenheiro ambiental Claudio Paixão; “Lixo marinho em ambientes costeiros e oceânicos”, pelo professor do curso de Oceanografia da Ufes, Fabian Sá; “Importância de aplicar e ampliar as perspectivas para uma economia azul sustentável no ES”, pela mestranda em Oceanografia Ingrid Tavares Costa; e “Logística reversa de pneus inservíveis”, por Luiz Alberto Baptista, da Pneusvix Ambiental.

Foto do destaque:  Ellen Campanharo/Divulgação

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