SHEYLA SANTOS
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) anunciou nesta sexta-feira (26) que a presidente da instituição, Susana Cordeiro Guerra, pediu exoneração do cargo por motivos pessoais e familiares. Ela continuará no cargo até a transição para o novo presidente.

Foto: Reprodução

O anúncio da saída de Guerra foi realizado um dia após o corte de quase 90% no orçamento destinado ao Censo demográfico 2021.

Ela estava no cargo desde fevereiro de 2019. Guerra é a segunda mulher a presidir a instituição e a pessoa mais jovem a ocupar o posto. Antes, trabalhou como economista no Banco Mundial.

Desde que assumiu a presidência, sua gestão concentrou esforços na preparação para o Censo Demográfico, que foi adiado em 2020. A economista também defendia a modernização do órgão e geriu a cooperação com instituições multilaterais antes e durante a pandemia.

Também nesta sexta, antes do anúncio da exoneração, o IBGE havia divulgado que pediria orientações ao Ministério da Economia sobre a operação da pesquisa após redução da verba. Em nota, a instituição afirmou que a lei 8.184, de 1991, impõe a realização do Censo a cada 10 anos.

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O anúncio do IBGE foi feito um dia após a reunião na qual a CMO (Comissão Mista de Orçamento) e o Congresso Nacional concluíram a votação do Orçamento para o exercício de 2021.

O corte no orçamento do Censo, proposto pelo relator-geral da comissão, Márcio Bittar (MDB-AC), representa uma redução de quase 90% do orçamento de R$ 2 bilhões previsto no PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual) encaminhado em agosto de 2020.

Na segunda-feira (22), o IBGE havia afirmado que a proposta de corte no orçamento do Censo poderia inviabilizar a pesquisa, que seria realizada em 2020 mas foi adiada para 2021 por causa da pandemia.

Em carta, ex-presidentes do instituto também alegaram que um novo adiamento da pesquisa deixaria “o país às cegas”. Em dezembro, funcionários do IBGE se mobilizaram para defender verba para a pesquisa. Hoje, no entanto, os servidores são hoje contrários à realização durante a pandemia.

No mesmo dia em que aprovou o projeto de Orçamento de 2021, o Congresso chancelou a decisão de Bittar de retirar R$ 26,5 bilhões dos recursos do seguro-desemprego, do abono salarial e da Previdência Social para bancar obras.

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Em contrapartida, foram preservados os recursos para o aumento salarial de militares -única categoria beneficiada com reajuste. Os demais servidores seguem com ganhos congelados.

O texto seguiu para a sanção do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Para destravar a votação, interlocutores do governo e o relator discutiram a ampliação de verba destinada a obras e projetos de bases eleitorais de congressistas.

Com a decisão, o Congresso amplia de, aproximadamente, R$ 20 bilhões para quase R$ 49 bilhões a fatia do Orçamento aplicada com base em critérios de parlamentares.

O Orçamento de 2021 foi criticado por técnicos legislativos. O texto chegou a ser chamado de peça de ficção, pois estaria subestimando ou adiando despesas obrigatórias (aposentadorias e abono salarial) para ampliar gastos com emendas parlamentares.

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