NICOLA PAMPLONA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O preço médio da gasolina nos postos brasileiros atingiu na semana passada o maior valor desde que a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) começou a publicar os preços semanais de venda dos combustíveis, em 2002.

Segundo o Observatório Social da Petrobras, os R$ 6,36 cobrados por litro na semana passada ultrapassaram os R$ 6,25 vigentes em fevereiro de 2003, em valor corrigido pela inflação, o maior preço registrado desde então.

A alta reflete a recuperação das cotações do petróleo em meio a um cenário de desvalorização do real frente ao dólar, que levaram a Petrobras a elevar seu preço de venda em 74% em 2021. O último reajuste, de 7%, foi anunciado nesta segunda-feira (28).

Seu impacto nas bombas ainda não foi captado pela pesquisa da ANP, que é divulgada às sextas. Assim, o recorde deve ser batido esta semana, com o repasse do reajuste de segunda.

Segundo o Observatório Social da Petrobras, o preço do diesel S-10 também atingiu patamares históricos em outubro, atingindo o maior valor nas bombas desde que a ANP passou a divulgar o preço do produto, em 2012.

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Com menor teor de enxofre, o diesel S-10 é obrigatório nos centros urbanos e já representa metade das vendas de óleo diesel da Petrobras.
O preço do gás de cozinha já havia batido recorde em maio, levando o Congresso a aprovar nesta quarta (27) um programa de auxílio à população de baixa renda para a compra de botijões, que hoje saem, em média, por R$ 101,44.

Ligado a sindicatos de petroleiros, o Observatório Social da Petrobras é crítico à política de alinhamento dos preços dos combustíveis ao mercado internacional, que vem sendo seguida com mais intensidade pela Petrobras desde o governo Michel Temer.
Essa política segue um indicador conhecido como PPI (preço de paridade de importação), que simula qual seria o custo para trazer produtos importados ao mercado brasileiro.

“Dessa forma, a variação do dólar e do barril de petróleo têm influência direta no cálculo dos combustíveis”, diz o Observatório.
“A disparada no preço dos combustíveis é um dos fatores que mais pesam na inflação, que, nos últimos 12 meses, já passou de 10%”, destaca o economista Eric Gil Dantas, do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps) e do Observatório Social da Petrobras.

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A alta de preços tem afetado a popularidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que disse esta semana que a Petrobras “só dá dor de cabeça” e presta serviços apenas aos seus acionistas. Esta semana, o presidente disse que gostaria de privatizar a estatal.

O cenário já motivou paralisações de transportadoras e caminhoneiros nos últimos dias. Na próxima segunda (1ª) entidades ligadas a caminhoneiros autônomos prometem uma paralisação nacional.

Desde que a política de preços atual foi iniciada, diz o Observatório, o preço da gasolina acumula aumento real de 39%. O diesel S-10 subiu 28,7% e o gás de cozinha, 48%. Os valores já consideram a inflação do período.

 

Foto do destaque: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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