CLAYTON CASTELANI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A taxa de câmbio avançava com força na manhã desta quinta-feira (28) acompanhando a ampla valorização do dólar contra todas as principais moedas mundiais.

Às 11h45, o dólar comercial à vista saltava 1,42%, a R$ 5,0380 na venda. Na Bolsa de Valores brasileira, o índice de referência Ibovespa caía 0,21%, a 109.113 pontos.

Investidores globais buscam proteção em ativos ligados à moeda americana enquanto avaliam dados da economia dos Estados Unidos, cujo PIB (Produto Interno Bruto) encolheu 1,4% no primeiro trimestre -primeiro tombo desde o segundo trimestre de 2020-, embora os gastos dos consumidores estejam em alta.

Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press/Folhapress

“Era amplamente esperada uma alta de 1% no PIB americano, mas esse resultado negativo estressou o mercado quanto a uma possível recessão ou desaceleração da economia mundial”, disse Charo Alves, especialista da Valor Investimentos.

Desorganizações na cadeia mundial de suprimentos durante a pandemia e agravadas pela guerra na Ucrânia explicam um cenário de dificuldade para o crescimento econômico e inflação crescente provocada pela redução da oferta.

A inflação reforça a expectativa de que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) irá subir agressivamente os juros nos Estados Unidos para, por meio da restrição ao crédito, tentar frear os preços. O efeito colateral é a valorização dos títulos do Tesouro do país, que passam a atrair dólares até então aplicados em ativos mais arriscados, como é o caso da Bolsa e da renda fixa do Brasil.

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Na Bolsa de Nova York, o índice de referência S&P 500 sustenta ligeira alta de 0,15%, enquanto o setor de tecnologia acompanhado pelo indicador Nasdaq avança 0,40%.
As ações Meta Platforms, controladora do Facebook, subiam 11% um dia após a companhia ter divulgado números de usuários diários ativos acima das estimativas.

Na véspera, a forte valorização das ações de exportadores de commodities metálicas permitiu a recuperação parcial da Bolsa de Valores brasileira e colaborou com a queda do dólar, apesar da aversão global aos investimentos de risco devido às ameaças da inflação mundial.

O Ibovespa subiu 1,05%, a 109.349 pontos, após uma sequência de sete quedas diárias. Após três sessões em alta, o dólar comercial recuou 0,46% na venda, a R$ 4,9670, embora a cotação tenha passado dos R$ 5 pela manhã.

Além da valorização do setor de commodities, que atrai dólares de estrangeiros para o mercado doméstico, o Banco Central também atuou com o intuito de segurar a cotação, realizando um novo leilão de swap cambial tradicional.

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Entre as principais matérias-primas exportadas pelo Brasil, o minério de ferro voltou a ter seus contratos futuros valorizados após dias de fortes baixas. Na cidade portuária de Qingdao, na China, a alta de 1,49% significou um alívio depois do tombo de 10% no acumulado de quatro sessões no vermelho.

Permissões para a reabertura de fábricas e o afrouxamento do confinamento para contenção da Covid em Tangshan, principal centro produtor de aço da China, conforme reportou a agência Bloomberg, são as razões apontadas por analistas para a recuperação das commodities metálicas.

Promessas do governo chinês sobre injeções de recursos no setor de infraestrutura ajudaram a ampliar o otimismo sobre o aquecimento da demanda no país que é o maior produtor e consumidor de aço do planeta.

No Brasil, investidores também avaliaram notícias sobre inflação doméstica. O IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial, subiu 1,73% em abril. Pesquisa da Reuters com economistas estimava alta de 1,85% para o período.

Isso teve reflexo no mercado local de juros futuros, cujos contratos com vencimento nos próximos anos passaram a indicar queda.

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Entre terça e quarta, a taxa DI (Depósitos Interbancários) para janeiro de 2023 caiu de 13,02% para 12,97%. Esse tipo de contrato é negociado exclusivamente entre bancos, mas serve de referência para o mercado de crédito.Nas negociações de derivados do petróleo, as atenções ficaram voltadas para o gás natural. O preço de referência dos contratos negociados na Europa subiu 4,09%, a 107,42 euros (R$ 568,14) por MWh (megawatt-hora). Na véspera, a commodity já havia disparado 11,17%.

A companhia russa de energia Gazprom avisou a autoridades de Polônia e Bulgária que suspenderia a partir desta quarta o fornecimento de gás, após Varsóvia impor novas sanções a indivíduos e empresas do país presidido por Vladimir Putin.

Com a medida, os países se tornam os primeiros a ter o abastecimento do produto cortado pelo principal fornecedor da Europa desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro.

O mercado do petróleo teve um dia morno. O preço do barril do óleo bruto mais negociado, o Brent, subiu 0,20%, a US$ 105,20 (R$ 527,44). A matéria-prima, porém, se mantém em um patamar historicamente elevado desde o início da guerra, contribuindo para a alta da inflação global.

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