Moradora da ladeira Cyro Cunha Sodré, a dona de casa Mirian Figueiredo Carvalho é mãe do David, da Jheniffer e da Jéfrica, e esposa do Pedro. Eles, como muitos mateenses, precisaram deixar o conforto e a privacidade de suas casas e foram para abrigos provisórios disponibilizados pela Prefeitura. “Viemos na segunda-feira [19] para cá. Embora esteja bem, é outra realidade. Parece que tem meses que estou aqui” – frisa.

Ela detalha que na madrugada de segunda-feira a família foi acordada pela equipe da Assistência Social por volta das 3h com orientações de alerta para risco de desmoronamentos. “Até então, eu nem sabia que estávamos em risco e pediram para a gente sair” – relata.

De acordo com Mirian, acompanhada dos netos, a filha Jéfrica veio de São Paulo há poucos dias para passar o Natal em família. No momento em que foram avisados dos riscos a filha dormia na casa da irmã Jheniffer, que mora ao lado da casa de Mirian. “A Jéfrica é muito sensível e ainda tem as crianças. Ela ficou desesperada, mas recebeu apoio e deslocaram ela para um hotel na madrugada mesmo. Nós viemos para o abrigo ontem [segunda]” – detalha.

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Miriam disse ainda que uma vizinha, a amiga dela Soninha, também precisou sair de casa. “Fomos bem acolhidas, as pessoas aqui são amorosas e deixam a gente à vontade. É tudo separado. Achava que ia ficar todo mundo junto. Mas aqui cada um tem seu cantinho. A minha filha, por exemplo, que está com crianças, está no cantinho dela. Eu com o meu, e a minha amiga também, tudo separado” – descreve.

A moradora detalha que mora com a família na ladeira desde 2000 e esta foi a primeira vez que precisa deixar a casa. Mirian espera que a residência não seja condenada para poder voltar em segurança para casa.

A dona de casa Mirian Figueiredo Carvalho detalha que morava com a família na ladeira desde 2000 e esta foi a primeira vez que precisou deixar a casa. Ela está com um filho e o marido no abrigo instalado no Ceim Carmelina Rios.
Foto: TC Digital

“Sempre alaga lá embaixo. No Porto já vi as pessoas saindo, mas no tempo que eu moro lá é a primeira vez que preciso sair. Na volta para casa, espero ter condições de arrumar. Não dá para voltar para lá sem mexer, está molhando muito. Parece que chovia mais dentro de casa do que fora. Perdemos colchão, cama box, guarda-roupas, muita coisa”.

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Adaptação e Insegurança

Mirian destaca que estar no abrigo é ficar em um ambiente muito diferente do lar dela. O convívio é diferente e não é fácil adaptar-se. “Fomos muito bem acolhidos, mas me deslocar do meu cantinho, da minha realidade é difícil. A privacidade não é a mesma que a gente tem em casa e outra coisa é a insegurança. A gente batalha tanto para comprar as coisas a prestação e ter que abandonar a casa deixando tudo pra trás é complicado. Algumas pessoas não tem aquele sentimento pelo próximo e espera a pessoa virar as costas para invadir a casa” – reforça.

“Minha amiga Soninha chorou muito ontem. Eu falei com ela pra não ficar desse jeito, o importante é que nós fomos alertados. A todos que precisaram sair de suas casas desejo que tenham fé em Deus que vamos retomar a nossa vida. Espero que os poderosos que estão no poder realmente não fiquem só na fala, mas que tomem a direção, nós precisamos. No presente momento eu espero que a gente consiga um aluguel social” – complementa.

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“Às pessoas que se apegam aos bens materiais, digo que a nossa vida é mais importante. A riqueza maior, tanto a nossa quanto a dos nossos familiares. Em nome de Jesus, que de agora para a frente tudo vai normalizar” – finaliza.

Foto do destaque: TC Digital

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