Por várias décadas sendo lembrado como símbolo de glamour no coração de São Mateus, o imóvel do Centro Recreativo Ouro Negro sofre com vandalismo e invasões de moradores de rua e usuários de drogas. O fato levou mateenses a procurarem a Rede TC de Comunicações e relatarem medo de ataques próximo ao local.

Até aproximadamente três anos, o imóvel do Centro Recreativo Ouro Negro era administrado pelo Lions Clube São Mateus Vale do Cricaré e pelo Lions Clube São Mateus Centro, com cada um ficando responsável pelo local por 15 dias durante cada mês. Fotos: Wellington Prado/TC Digital

“Vejo à noite pessoas entrando lá dentro, usando drogas. A gente sai do serviço e precisa passar ali. Aí nos deparamos com esse tipo de gente. Todos ficam com medo” – afirma uma jovem, demonstrando medo com a situação. Outra moradora de São Mateus acrescenta que um dos invasores já foi observado por diversas vezes exaltado, gritando, no momento que passava defronte ao clube, causando nela pavor.

O local teve recentemente as portas de vidro estilhaçadas. Foi colocado pedaços de madeira para dificultar o acesso, o que não foi suficiente para impedir que moradores de rua e usuários de drogas entrassem no interior do imóvel. Uma vez no local, alguns usam como abrigo para passar a noite e fazerem as suas necessidades fisiológicas, outros para uso de drogas, o que ocorre até mesmo à luz do dia.

CLUBE

Presidente do clube Ouro Negro, João Luiz Batista dos Santos relata que existe um processo judicial em curso e, como há bloqueio de recursos, a diretoria não consegue fazer a manutenção ou até mesmo colocar um vigia para tomar conta do imóvel.

João Luiz relata que a diretoria do clube retomou a posse do imóvel há aproximadamente três anos e, neste período, 12 boletins de ocorrência policial já foram registrados, sendo de invasão e de roubo. Ele relata que um homem chegou a ser preso em flagrante.

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“Não tem mais nada”, lamenta. No fim de semana, foi registrada nova depredação no local, com a destruição de uma porta de vidro. João Luiz adianta que fará novo pedido na Justiça para desbloqueio de parte dos recursos retidos para, ao menos, fazer o fechamento dos acessos com lajota.

Lions não administra o imóvel há três anos

Até aproximadamente três anos, o imóvel do Centro Recreativo Ouro Negro era administrado pelo Lions Clube São Mateus Vale do Cricaré e pelo Lions Clube São Mateus Centro, com cada um ficando responsável pelo local por 15 dias durante cada mês.

Presidente do Lions Clube São Mateus Centro, Edercival Mesquita reforça que a administração do imóvel não está mais sob a responsabilidade dos dois clubes.

Há 22 anos foi feito um contrato em regime de comodato, quando havia apenas um Lions Club em São Mateus. Depois, a instituição se dividiu em dois clubes, passando a administrar o imóvel em conjunto após acordo entre as duas diretorias.

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Edercival relata que o contrato de comodato estava para extinguir quando houve a reativação da diretoria do clube Ouro Negro, que entrou na Justiça para interromper o acordo por entender que algumas cláusulas estavam sendo descumpridas.

O presidente detalha que a Justiça decidiu passar a administração do imóvel para a diretoria do Ouro Negro enquanto o processo tramita na 2ª Vara Civil de São Mateus. Desde então, os móveis pertencentes aos dois Lions foram tirados do local. Edercival ressalta ainda que o prazo do contrato de comodato já foi extinto.

A Rede TC procurou a presidente do Lions Clube São Mateus Vale do Cricaré, Tânia Mara Silva Neves, mas as ligações não foram atendidas. Também não respondeu as mensagens enviadas ao telefone celular dela por aplicativo.

Clube tem dinheiro em juízo que pode ser usado para manutenção

Presidente do Centro Recreativo Ouro Negro, João Luiz relata que o clube acumula mais de R$ 300 mil em juízo referentes aos pagamentos de aluguel de uma área utilizada por um supermercado. Entretanto, com o bloqueio na Justiça, ele frisa que a diretoria não pode utilizar o dinheiro para fazer a manutenção do local e reforçar a segurança, por exemplo.

Tanto João Luiz quanto o presidente do Lions, Edercival, entendem que o processo na Justiça já poderia ter sido concluído.

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O presidente do clube Ouro Negro frisa ainda que o contrato de aluguel com um supermercado termina no dia 30 de março e que os associados não desejam mais alugar a área, mas sim, vendê-la.

Ao longo do período em que retomaram a administração do imóvel, ou seja, há cerca de três anos, João Luiz afirma que já foram várias as solicitações à Justiça para a liberação dos recursos, mas a diretoria não recebeu a autorização.

Avaliando a situação atual como gravíssima e temendo que uma tragédia possa ocorrer no local, João Luiz frisa que a diretoria tentará, mais uma vez, a liberação dos recursos para realizar as obras de interdição que considera necessárias.

2ª VARA CÍVEL

A Reportagem procurou a 2ª Vara Cível da Comarca de São Mateus, onde o processo envolvendo o clube Ouro Negro está, mas a atendente disse que a titular, juíza Thaita Campos Trevizan, se encontra em licença maternidade. A atendente frisou ainda que a substituta, a juíza Elaine Cristine de Carvalho Miranda, está se recuperando de problemas de saúde.

Assistência Social visitou o local

Informada pela Reportagem sobre a denúncia de invasão de moradores de rua no Centro Recreativo Ouro Negro, a secretária municipal de Assistência Social Marinalva Broedel disse que enviou uma equipe ao local ainda nesta quarta-feira (3). Entretanto, no momento da visita, nenhum morador de rua ou usuário de drogas foi encontrado dentro do imóvel.

“Temos moradores de rua cadastrados, mas no momento que estivemos no local, não encontramos ninguém”, disse a secretária. Segundo Marinalva, como o imóvel é de propriedade privada, cabe aos responsáveis tomarem as providências em relação à invasão.

Além de falar com representante do clube Ouro Negro, ela acrescenta que comunicou a situação à equipe de fiscalização de Código de Posturas do Município.

Em relação aos moradores de rua, Marinalva frisa que as equipes fazem o cadastro, identificam e tentam fazer a reintegração familiar da pessoa que se encontra em vulnerabilidade social.

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