Duas espécies da família da Myrtaceae, que inclui as jabuticabas, foram descobertas primeiramente no Parque Estadual de Itaúnas. A Eugenia itaunensis e a Eugenia kuekiiforam coletadas pelo estudante Augusto Giaretta, respectivamente em 2008 e 2009, e identificadas no herbário Sames, do Centro Universitário Norte do Espírito Santo (Ceunes). O professor do Ceunes Luís Fernando Tavares de Menezes destaca o reconhecimento científico com a apresentação em artigo publicado na revista internacional Phytotaxa, da Nova Zelândia.
Luís Fernando relata que Augusto Giaretta fez graduação em Biologia no Ceunes e trabalhou com a família botânica Myrtaceace. Junto com o professor, ele realizou coletas no trecho da foz do Rio Doce até Itaúnas, onde encontrou as espécies novas de jabuticaba até então desconhecidas. Após mestrado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Giaretta está em conclusão de doutorado pela Universidade de São Paulo (USP).
Eugenia é um grupão que envolve diferentes espécies. Por assim, era necessário especificar a espécie descoberta. Luís Fernando salienta que Itaunensis é homenagem a Itaúnas, onde foi feita a primeira coleta. Esta espécie também foi encontrada em outros locais da região, sendo realizadas coletas também no Bairro Liberdade, em São Mateus. Já a Eugenia kuekii já foi encontrada em Itaúnas e o nome homenageia um índio botocudo que ajudou o príncipe alemão Maximiliano de Wied-Neuwied a realizar coletas importantes no Espírito Santo no século XIX.
Espécies encontradas em restinga
As duas espécies Eugenia são descritas no artigo científico como resultado da elaboração de um tratamento de taxonomia de Myrtaceae para a flora de vegetação de restinga do Espírito Santo. Além do estudante Augusto Giaretta, assinam a descrição da Eugenia itaunensis e da Eugenia kuekii os professores Luís Fernando Tavares de Menezes (Ceunes), Marcelo da Costa Souza (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) e Ariane Luna Peixoto (Jardim Botânico do Rio de Janeiro).
Conforme apresentado na descrição, a Eugenia itaunensis está relacionada à Eugenia copacabanensis, que difere, entre outras características, por folhas com base obtusa, arredondada, flores maiores e cálice com dois pares desiguais.
A Eugenia kuekii é morfológica similar a Eugenia widgrenii, mas difere, entre outras características, por folhas com base obtusa e frutas amareladas. Eugenia kuekii também está relacionada com a Eugenia pruinosa, mas pode ser distinguido por folhas com base obtusa e cálice maior.
“Maior diversidade de plantas do mundo”
As duas novas espécies reconhecidas mostram a riqueza da flora na faixa territorial localizada entre o centro-norte do Espírito Santo e o sul da Bahia. “É a maior diversidade de plantas do mundo”, enfatiza o professor do Ceunes Luís Fernando Tavares de Menezes. Ele salienta que, nesta área, é possível encontrar em apenas um hectare 465 espécies de árvores, sem contar plantas menores.
O herbário Sames, do Ceunes, foi registrado em 2016 e já identificou seis novas espécies na região, segundo o professor. Ele ressaltou que o herbário tem quase 8.000 exemplares. Duplicatas das duas novas descobertas, da Eugenia itaunensis e da Eugenia kuekii, também foram enviadas para o herbário da Ufes, em Vitória, para o Jardim Botânic do Rio de Janeiro e para o Kew Gardens, na Inglaterra.