A Encarnação do Verbo Eterno do Pai –início da Igreja e núcleo da fé cristã– realça a ligação profunda entre o Filho e a Mãe: como um rio nasce de uma nascente, assim, Jesus, de Maria e Maria, de Cristo. Dante Aliguiero, o maior poeta italiano, chama Maria “Filha de seu Filho”. Como o Apóstolo Paulo, ela proclama: “É pela graça de Deus que eu sou aquilo que eu sou e a graça de Deus em mim não foi em vão”. São Bernardo chama Maria: “aquaeductus”, canal, que faz chegar até nós as águas salvíficas de Cristo. E diz: “Deus recolheu todas as águas e chamou mar; recolheu todas as graças e chamou Maria”.

No Credo, proclamamos – abaixando a cabeça, em sinal de adoração do grande mistério da Encarnação do Filho de Deus: “Desceu do céu; pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria e se fez Homem”. São Justino, filosofo e mártir do segundo século, comenta: “Maria foi a forma de Cristo: dela, o Verbo Eterno do Pai tomou forma humana, a fim de que a desobediência da primeira mulher fosse sanada pela obediência da segunda mulher. Eva gerou a palavra da serpente; Maria, a Palavra de Deus. O “sim” dela contagiou o universo”. Maria –diz São Jerônimo– é “a Alma sola Redemptoris”, a mais amada colaboradora do Redentor.

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A Virgem, pronunciando o seu “sim” ao anjo, concebeu no seu seio o Verbo Eterno do Pai, ao qual ela deu o seu DNA: “O Verbo se fez carne –diz o evangelista João– e veio habitar no meio de nós. Nós vimos a sua glória”. O “sim” de Maria –diz Santo Agostinho– foi contagioso como o “sim” do Verbo, que, ao entrar, neste mundo, disse: “Eis-me, aqui, ó Pai, para fazer a tua vontade”. Iniciou, assim, na história humana, um mundo novo: um povo decadente, destinado à morte, por causa de Eva, foi substituído por um novo povo, destinado a viver uma vida em plenitude e para sempre, por causa de Maria.

Mês de Maio, mês mariano:  por uma antiga tradição cristã, este mês é dedicado à Maria, como homenagem dos filhos à Mãe amada, que gerou o nosso Senhor e Salvador. Duas são as mães, que Deus nos deu: a terrena e a celeste. As festas marianas e dos santos são todas cristológicas, pois apontam Cristo, como “Caminho, Verdade e Vida”. Assim, aconteceu na festa em Caná da Galileia, em que Maria ordenou aos servos: “Façam tudo o que Ele vos disser”, ordem, considerada seu testamento espiritual.

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Cristo deu aos discípulos o mandamento novo: “Amai-vos, como eu vos amei”, a fim deles crescerem na fé e na caridade e serem um fermento de um mundo novo, de justiça e paz. São Agostinho, comentando a presença de Maria, no cenáculo, com os Apóstolos, em Pentecostes, afirmou: “Não se pode falar de Igreja, se não estiver presente Maria, a Mãe do Senhor, com os irmãos dele”. Sua presença não é pedra de tropeço, mas, de unidade e consolação para todo o povo cristão.

(*Padre Ernesto Ascione é missionário comboniano.)

 

Foto do destaque: TC Digital/Arquivo

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