Início de mês, trabalhadores recebendo, hora de fazer as compras de supermercado e, “tudo caro”, conforme comenta uma tecenauta que procurou a Rede TC para relatar o aumento nos preços. A promotora de vendas pediu para não ter o nome divulgado para não atrapalhar o trabalho dela. Disse que “os preços aumentaram absurdamente nos últimos dias”.

De acordo com imagens que ela enviou à Reportagem, os aumentos mais significativos estão nos produtos de cesta básica como óleo, arroz, feijão, macarrão, leite, por exemplo. Mas a cozinheira Patrícia Pereira Santos, moradora de Guriri, afirma que os produtos de hortifrúti, assim como os de açougue, também estão com preços elevados.

À TC, Patrícia disse que foi ao supermercado nessa quinta-feira fazer compras e acabou desistindo de alguns produtos, na esperança de que os preços abaixem nos próximos dias. “Tá meio salgado. O leite está custando seis reais a caixa” – comenta.

Outra cozinheira, Geruza Calixto da Conceição, que possui um restaurante no Mercado Municipal Wilson Gomes, percebe que os preços aumentaram de forma que ela não consegue uma solução para ter lucro no negócio. Vendendo comida a preço popular, R$ 10, Geruza afirma que faz compras diariamente e que não vê alternativa a não elevar o preço no restaurante.

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Ela afirma que já acumula prejuízos desde o início da pandemia do novo coronavírus, quando precisou ficar com o estabelecimento fechado por quase 30 dias. Ao retornar, ainda teve um prejuízo, pois o congelador onde guarda carnes desligou e ela perdeu cerca de R$ 600 em produtos. Além disso, viu as contas, como de energia, acumularem, tanto as do restaurante, quanto as de casa.

A cozinheira Geruza Calixto, que já acumula prejuízos desde o início da pandemia do novo coronavírus, diz que não vê alternativa a não ser elevar também os preços no restaurante dela.

Supermercados já foram notificados pelo Ministério Público, diz Procon

Coordenadora-executiva do Procon de São Mateus, Ana Alice Oliveira afirma que o órgão está atuando contra o aumento de preços desde o início da pandemia e que, inclusive, os supermercados já foram notificados pelo Ministério Público do Espírito Santo em abril.

Segundo ela, trata-se de uma notificação recomendatória para que os estabelecimentos fiquem atentos aos aumentos injustificados nos preços de produtos essenciais durante crises, como a sanitária pela qual estamos atravessando.

Ana Alice disse ainda que o Procon de São Mateus já realiza, desde o início desta semana, uma pesquisa de preços nos supermercados e que já foi solicitado aos estabelecimentos as notas fiscais dos produtos para que seja verificada a origem do aumento.

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A coordenador frisa que, como as denúncias ao Procon são feitas de maneira integrada, em todo o Estado o órgão tem observado crescimento nas denúncias sobre aumento de preços de produtos da cesta básica. Ela afirma que os supermercados têm prazo de 10 dias para enviarem os documentos solicitados.

 

Entressafra, logística e exportações levam a aumentos, afirma Acaps

Em resposta à Rede TC, o presidente da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), João Falqueto, informa que a alta no preço desses produtos é um comportamento de mercado, “estando relacionado a uma série de fatores, entre eles, crescimento das exportações, produção abaixo do consumo, entressafra, dificuldade de transporte e alta do dólar”.

Ele ressalta que os supermercados são apenas repassadores de preço, embutindo os custos na hora de comercializar as mercadorias. “Os estabelecimentos não têm qualquer responsabilidade sobre os processos de produção. Inclusive, a nossa orientação é para que os supermercadistas não aumentem a margem de lucro praticada antes da pandemia do novo coronavírus, repassando apenas os aumentos praticados pela indústria” – esclarece.

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LEITE

O presidente explica ainda que a alta do leite, por exemplo, deve-se à entressafra, que vai de abril a setembro, somada aos efeitos da seca no sul do País, que reduziram a oferta do produto. “O momento atual também deve ser levado em consideração, já que, com o isolamento social, as famílias têm ficado mais em casa, resultando em um consumo maior da bebida, considerada alimento de primeira necessidade”.

ARROZ

Quanto ao arroz, o aumento está relacionado a fatores como a produção reduzida, a dificuldade de transporte, a exportação para outros países e a alta do câmbio. “A maior procura externa tem afetado diretamente a oferta doméstica do produto, que registrou valorização em dólar acima de 30%”.

Além disso, segundo estudos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a safra de arroz 2019/2020 será a segunda menor da história, acima apenas da safra anterior, ocasionada pela migração de produtores para culturas mais rentáveis, como a soja. “Para se ter uma ideia, nos últimos dez anos, a produção de arroz no Brasil caiu, em média ,1,8% ao ano. Para 2020, a previsão é de que o volume produzido seja de 10,5 milhões de toneladas”.

ÓLEO

Com relação ao óleo de soja, além de ser uma commodity, o produto é utilizado para fabricação de ração animal, que tem exportação forte. “O grão foi, inclusive, um dos destaques das exportações brasileiras no primeiro semestre, impulsionado pela alta do dólar. Os produtores priorizam escoar a soja para um mercado que gere maior rentabilidade. Como resultado, há a diminuição da oferta e o produto chega com maior preço ao consumidor” – complementa.

São Mateus-ES

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