Os preços da carne de boi caíram em fevereiro 1,22% no País, conforme dados apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entretanto, em São Mateus, consumidores entrevistados pela Rede TC de Comunicações ainda não constataram essa queda nos preços. A Reportagem também ouviu três gestores de supermercados. Apenas um apontou que realmente houve diminuição nos valores. Os demais disseram que os preços estão estáveis.
Na porta de dois supermercados, na área central da Cidade, as donas de casa Domingas dos Santos, 38 anos, e Luzia Maria Brandão Silva, 50, disseram que, para elas, os preços da carne continuam os mesmos. A mesma avaliação foi feita por outras pessoas abordadas, mas que não quiseram se identificar. A consumidora Domingas reforça que segue comprando carne bovina, mesmo com preço mais caro.
Gerente do Supermercado Casagrande no centro, Leandro Tezolin enfatiza que houve redução sim no preço. Ele cita, por exemplo, o corte chã de dentro, que há três meses custava em torno de R$ 49,90, mesmo valor que relata ter sido a média de todo o ano de 2022.
Atualmente, segundo ele, o valor deste corte está em R$ 39,90, ou seja, uma redução de 20%. A costela, conforme frisa, está R$ 22,90. No ano passado custava R$ 25,90. Já a picanha, frisa que o valor está em R$ 91,97, sendo que chegou a R$ 130 ou R$ 140 em 2022.
Para Leandro, a redução é em decorrência de questões que envolve o mercado, impactado por diversos fatores. O gerente reforça que já percebe nesta semana um aumento de 10% no volume das vendas de carnes.
PREÇOS ESTÁVEIS
O empresário Natan Beltrame, da Central de Compras Santo Antônio, por sua vez, afirma que não foi identificada ainda redução nos preços de carnes. Gerente do Supermercado Extrabom, no Centro, Genilson de Freitas afirma que o preço está estabilizado. “O mercado da China estava fechado, sobrou bastante carne aqui e isso fez com que o preço se estabilizasse. Mas agora o mercado está abrindo de novo” – sustenta.
Acaps vê redução, mas prevê
cenário alterado a partir de
junho com o início da seca
Em nota encaminhada à Reportagem, a Associação Capixaba de Supermercados (Acaps) ressalta que, após as fortes altas registradas na pandemia, o preço da carne bovina já vinha apresentando uma trajetória de queda, sendo intensificada no momento pelo embargo às exportações da carne brasileira para a China.
“A redução das exportações impacta diretamente no preço da carne comercializada pelos estabelecimentos por conta do aumento da oferta no mercado interno”, frisa.
Outro fator apontado pela Acaps que colabora para a redução do preço da carne, é o momento de safra do boi gordo. “A partir de junho, o cenário deve ser alterado com o início do período de seca e a queda da produtividade. Quanto ao preço praticado pelos supermercados, o valor se dá de acordo com o mercado” – salienta.
Outras explicações
Segundo pesquisa do IBGE, a carne bovina caiu 1,22%. Alguns cortes de primeira, como a picanha, tiveram a redução ainda maior, chegando a 2,63%. Essa foi a maior queda nos últimos 15 meses.
Especialistas acreditam que essa baixa no valor da carne pode ter três motivos: a chegada da quaresma, período em que muitas pessoas deixam de consumir carne vermelha, a baixa no valor das rações e, ainda, a suspensão da exportação de carnes que iam para a China.
Diante desse cenário, a expectativa é que os preços reduzam ainda mais. “É provável que esse ciclo, se as condições não mudarem, ele perdure até o final do ano. Os preços ainda vão, provavelmente, sofrer uma continuidade de queda e deve se estabilizar a partir do ano que vem”, informa o economista Marcos Conceição. (Com informações da Agência Brasil).
