Coordenador-geral do Sindicato dos Petroleiros no Espírito Santo, Valnísio Hoffman afirma que a concretização da venda dos ativos da empresa é “mais uma triste página da Petrobras no norte, onde tudo começou”.
“A gente vê o desmonte da empresa e o que mais nos causa indignação é ver que os mesmos gerentes que falavam que os campos não tinham mais utilidade, que não davam lucro, que a Petrobras realmente tinha que vender, por incrível que pareça, numa coincidência muito grande, esses antigos gerentes estão trabalhando agora nas empresas que compraram os ativos” – comenta.
Valnísio Hoffman aponta que o atual diretor do conselho de administração da 3R Petroleum é o ex-presidente da Petrobras, Castelo Branco, e que foi na gestão dele que a estatal vendeu a maioria dos ativos no Espírito Santo. “Tem antigo gerente do norte capixaba que falava que os poços não davam nada e está trabalhando na empresa que comprou esses poços. Então isso mostra uma ‘privataria’ através de vendas com valores bem menores do que valem”.
O diretor-geral do Sindipetro afirma ainda que o Campo de Golfinho foi vendido por um valor que corresponde a dois meses de produção. “Acredito que ninguém venderia a sua casa pelo valor de dois meses de aluguel. É isso que está acontecendo na Petrobras”.
Outra preocupação levantada por Valnísio Hoffman é em relação aos investimentos que as empresas detentoras das concessões têm que fazer na região. “Daqui a dois anos vamos nos perguntar: cadê os investimentos dessas empresas? Estamos vendo essas empresas irem ao mercado pegar empréstimos a custo baixíssimo, dinheiro do povo, e qual o retorno? Quantos trabalhadores elas estão empregando?”
O diretor do Sindipetro aponta ainda a queda de receita para os municípios. “A maioria dessas empresas são de pequeno porte, ou seja, pagam menos royalties. A Petrobras paga 10%. Empresas pequenas pagam a metade. É uma atrocidade o que estão fazendo com o povo” – complementa.
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