A indústria capixaba começou 2023 com resultado positivo. Ela cresceu 18,6% em janeiro deste ano, na comparação com o mês anterior. Com o percentual, o Espírito Santo teve o melhor indicador entre os locais pesquisados pelo IBGE e bem acima da média do Brasil (-0,3%).

Os dados foram compilados pelo Observatório da Indústria da Findes e fazem parte da pesquisa de Produção Industrial Mensal (PIM) do IBGE, divulgada nesta quinta-feira (6/4).

Parte do bom desempenho da indústria capixaba em janeiro pode ser explicada pelo crescimento da indústria extrativa. De acordo com a Agência Nacional de Petróleo (ANP), a produção de petróleo cresceu 31,9% e de gás natural 20,4%, nesse período.

A presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Cris Samorini, comenta que, para este ano, o mercado espera uma valorização do preço das commodities metálicas e energéticas, principalmente a partir do segundo semestre.

“Como somos um estado com vocação natural ao comércio internacional, isso beneficiará a produção e as exportações industriais capixabas. Vale ressaltar que a cotação do petróleo já está em rota de recuperação e deve acelerar ainda mais a partir da metade deste ano, o que aumenta o valor das nossas exortações”, aponta.

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Apesar do resultado positivo da produção industrial capixaba de janeiro, as outras bases de comparação foram negativas para o Estado.

Na comparação de janeiro de 2023 com o mesmo mês de 2022, a indústria geral do capixaba recuou 6,5%. Os principais responsáveis pelo desempenho foram a indústria extrativa (-4,2%) e da transformação (-10,7%).

Todas as atividades apresentaram recuo nessa comparação interanual: produtos alimentícios (-8,5%); celulose, papel e produtos de papel (-13,9%); produtos de minerais não-metálicos (-23,8%); e metalurgia (-2,2%), que foi impactada pela menor demanda mundial de aço no início deste ano, principalmente por parte do setor da construção.

Segundo a gerente executiva do Observatório da Indústria e economista-chefe da Findes, Marília Silva, é importante destacar que, mesmo com a queda geral na produção industrial, houve o crescimento na produção de certos produtos dessas atividades industriais capixabas.

“Na indústria extrativa, tivemos um aumento da pelotização de minério de ferro, beneficiada pela melhora da cotação internacional deste produto; na produção de alimentos, ocorreu expansão da fabricação de carnes bovinas e de leite de coco; e a metalurgia que registrou avanços produtivos nos ligotes e blocos de aço e nos tubos flexíveis de ferro e aço”, aponta.

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Já no acumulado em 12 meses, a indústria do Espírito Santo retraiu 9,7%, sob a influência da menor produção da indústria extrativa (-18,9%), produtos alimentícios (-6,6%), produtos de minerais não metálicos (-11,2%) e metalurgia (-4,7%). Por outro lado, a fabricação de celulose, papel e produtos de papel avançou 4,4% nesse período, beneficiada pela demanda mundial por fibra curta e longa.

Mudanças no cálculo da PIM

A primeira pesquisa do ano trouxe novidades com a revisão da sua metodologia. No caso do Espírito Santo, o IBGE reduziu o número de produtos que analisa, saindo de 30 para 29 produtos. Além disso, ajustou os pesos (o quanto cada setor representa) das atividades na indústria geral.

A atualização elevou o peso da indústria extrativa, que passou de 54,3% para 60,7%, e reduziu o da indústria de 45,7% para 39,3% na determinação do resultado da indústria geral.

Já a nível de atividade, a produção de alimentos (de 11,3% para 7,2%) e celulose, papel e produtos de papel (de 10,5% para 5,9%) reduziram sua influência nesse resultado. Já os produtos de minerais não-metálicos (de 10,4% para 10,6%) e a metalurgia (de 13,5% para 15,6%) aumentaram a sua relevância no indicador geral de produção industrial.

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“Essas alterações não interferiram na variação percentual anual de 2022. Mas, a mudança de pesos implicou em novas variações interanuais mensais em 2022”, aponta a economista-chefe da Findes.

O processo de dessazonalização, que permite analisar os resultados na passagem mês, também sofreu alterações. Para o Espírito Santo, o IBGE só disponibiliza a variação marginal livre de efeitos sazonais para a produção industrial total. Por isso, o cálculo das variações dessazonalizadas setoriais do Estado é feito pela equipe do Observatório da Indústria, que diante da alteração da metodologia, está revisando seu modelo.

Por Siumara Gonçalves, com informações do Observatório da Indústria da Findes

Foto do destaque: Divulgação

 

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