Em pleno século 21, fatores culturais, machismo e preconceito fazem com que o homem deixe de ir ao médico. A constatação é do médico capixaba Guilherme Rebello, do Instituto de Radioterapia Vitória (IRV).

De acordo com ele, há ainda quem culpe a falta de tempo ou o excesso de trabalho. “O resultado é que quando o câncer de próstata é descoberto, muitas vezes a doença se encontra em estágio avançado”, avalia.

E quem pode contribuir no sentido de influenciar o homem a deixar de lado qualquer desculpa e procurar ajuda médica, segundo Guilherme Rabello, é a mulher.

“Acredito que é importante para as esposas e companheiras a saúde e bem-estar dos seus parceiros, por isso elas devem encorajar os mesmos a realizarem os exames anuais de rastreio para o câncer de próstata. Quanto mais precoce for o diagnóstico, maiores são as chances de cura” – afirma.

Reforçando a campanha Novembro Azul, criada para a conscientização sobre a prevenção do câncer de próstata, o médico lembra que estudo realizado pelo Instituto Fernandes Figueira, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), aponta que 7 em cada 10 homens brasileiros só vão ao médico influenciados pelas mulheres e filhos.

Enquanto 80% das mulheres realizam acompanhamento periódico com o ginecologista, mais de 50% dos homens nunca estiveram no consultório de um urologista, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).

Guilherme Rebello destaca que a mulher pode sim incentivar o companheiro a realizar os exames preventivos anuais, como o PSA (Antígeno Prostático Específico) e o toque retal.

“O toque retal é muito importante. Geralmente, ele é feito pelo urologista, para detectar alterações na textura do tecido prostático, como por exemplo nódulos endurecidos” – explica Guilherme Rebello.

O especialista conta que, nos consultórios, é comum ouvir frases como “estou sem tempo”, “a pandemia atrapalhou” e “não estou sentindo nada”. Entretanto, é preciso ficar atento, pois o tumor de próstata é silencioso.

“A grande maioria dos casos é assintomática. Porém, sinais como o aumento da frequência urinária, diminuição do jato de urina até desconforto ao urinar podem ser sinais de alterações na próstata”, destaca.

 

Homens a partir dos 50 anos devem procurar o urologista

 

Vitória – Segundo o médico Guilherme Rabello, homens a partir dos 50 anos devem procurar o urologista para iniciar os cuidados com a saúde da próstata. “Caso ele tenha algum parente de primeiro grau com diagnóstico da doença, esse limite de idade cai para 45 anos”, orienta.

O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que 65.840 novos casos da doença sejam diagnosticados este ano no Brasil. Já o Atlas de Mortalidade por Câncer registrou em 2019 um total de 15.983 óbitos por tumor de próstata.

 

CASOS NO ESPÍRITO SANTO

De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), de janeiro a agosto de 2021 foram realizadas no Espírito Santo 788 biópsias de próstata, 2.674 ultrassonografias (via abdominal) e 757 ultrassonografias (via transretal), além de 343 cirurgias.

 

TRATAMENTO MAIS RÁPIDO

O médico explica ainda que este tipo de tumor é tratado de duas formas: com cirurgia ou radioterapia, que permite realizar o tratamento com doses diárias de radiação maiores, em menos sessões (hipofracionamento). “Isso só é possível devido ao avanço tecnológico dos aparelhos e softwares, que estão mais precisos e seguros”, afirma.

“Com essa estratégia conseguimos diminuir o tempo total de tratamento, tornando-o mais cômodo para o paciente. Atualmente, para tumores iniciais, conseguimos realizar a radioterapia com segurança em 28 sessões” – complementa Guilherme Rabello.

 

Foto do destaque: Hugo Boniolo-IRV/Divulgação

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here