Se abriu em Roma (Itália), no dia 10 de outubro u.p., o Sínodo dos Bispos: uma semana depois, no dia 17, em todas as dioceses do mundo. Com a reforma, promovida pelo Papa Francisco, este evento eclesial não fica mais restrito a uma seleta assembleia de pastores, mas envolve todo o povo de Deus e a humanidade inteira.

Se realiza por etapas: na primeira –até à próxima Páscoa– serão interpelados todos os segmentos da realidade eclesial e todas pessoas de boa vontade; a segunda –a nível continental–  recolherá as propostas e sugestões, vindas das bases; terceira etapa, em Roma, em outubro de 2023, com o Papa e os bispos.

Tema deste processo: “Por uma Igreja sinodal: Comunhão, Participação e Missão”. Papa Francisco resgata uma das mais belas intuições do Concílio Vaticano 2º, consignada na “Lúmen Gentium”, o documento mais importante do Concílio: a Igreja, povo de Deus, protagonista de sua missão no mundo.

 

Chamada a encontrar respostas novas para os tempos novos – pluralismo, globalização, mídias, direitos humanos, Estado democrático, indiferença religiosa, fome no mundo, justiça social, solidariedade, ecumenismo, paz, ecologia – um novo estilo, feito de proximidade e de humilde escuta, deve caracterizar a comunidade cristã, sem a presunção de querer converter alguém.

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Este novo estilo de vida pastoral consiste em solicitar todos, participantes ou não da comunidade cristã, a dar o seu parecer e fazer suas propostas, à luz do Evangelho, sobre como anunciar Jesus Cristo no mundo contemporâneo, pois os homens de hoje “não acreditam mais nas palavras, mas nas testemunhas, e se acreditam nas palavras é porque são de testemunhas” (Papa São Paulo 6º).

Cada diocese é chamada a implementar esta conversão pastoral, traduzindo o Concílio Vaticano 2º, na realidade de hoje, revivendo a fé e a caridade das primeiras comunidades cristãs.

O Brasil, terra esplêndida, repleta dos melhores bens da criação, conta, também, com um povo maravilhoso, rico de fé,   de heróis, profetas, mártires e Santos, como padre Ibiapina, missionário no Nordeste; Irmã Cleusa, mártir dos povos indígenas; Dom Helder Câmara, profeta e pastor; Santa Paulina, fundadora de um Instituto missionário pelos descartados; Zilda Arns, da Pastoral do Menor; Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, pai dos pobres; Irmã Dulce, missionária da misericórdia; a Bem-aventurada Nhã Chica, toda e só de Deus; Franz de Castro, que, numa rebelião de presos, ofereceu-se para ficar como refém, no lugar de outra vítima, e acabou morto com mais de trinta tiros.

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“Comunhão e missão” são duas faces do mesmo encontro com Cristo Ressuscitado:  “Comunhão” é estar com Ele; “missão” é doá-lo ao mundo; “participação“: é testemunhá-lo perante o mundo, na vivência da justiça e solidariedade, num diálogo fraterno com todos os homens de boa vontade, que sonham junto conosco uma pátria livre, justa e solidária; é, enfim, assumir o compromisso de estar ao lado das categorias dos excluídos, para elas também participarem da construção de um mundo novo, o Reino. Nos inspire a mística de Santa Terezinha do Menino Jesus, padroeira das missões: “No coração da Igreja, minha mãe, eu serei o amor”.

 

(*Padre Ernesto Ascione é missionário comboniano e vigário cooperador da paróquia São José, Serra-ES.)

 

Foto do destaque: Arquivo TC Digital

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