CRISTINA CAMARGO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Morador da comunidade do Queto, na zona norte do Rio de Janeiro, o cuidador de idosos desempregado Reginaldo Avelar Porto, 37, um homem negro, foi morto por tiro de fuzil disparado por um policial militar na manhã desta segunda-feira (6), nas proximidades de um lava-jato onde fazia um bico.

Testemunhas contaram que ele tentava apartar uma briga entre dois mototaxistas, junto com um policial, quando foi atingido no peito, sem ter nenhuma relação com a confusão. A Polícia Militar alega que o disparo foi acidental.

“Lamentamos a morte de mais um morador. A família está sendo atendida pela Defensoria Pública e pela OAB”, afirmou, em nota, a direção da Faferj (Federação das Associações de Favelas do Rio de Janeiro). “Se tivéssemos câmeras nos uniformes do policial nas favelas e zona norte, saberíamos a verdade”, completa.

Seis dias após 23 pessoas morrerem durante operação na Vila Cruzeiro, zona norte do Rio, policiais militares do estado começaram a usar câmeras portáteis acopladas em uniformes. As câmeras são usadas nesse primeiro momento em agentes de nove unidades nos bairros de Botafogo, Méier, São Cristóvão, Tijuca, Olaria, Ilha do Governador, Copacabana, Leblon e Laranjeiras.

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Moradores do Queto fizeram manifestações no bairro durante o dia contra a ação policial. “Nós queremos justiça”, disse uma manifestante a um dos policiais que estava no local. Moradores colocaram fogo em pneus e alguns afirmaram, de acordo com registro em vídeo, que o disparo não foi acidental. “Covardia, covardia”, gritaram outros. “Justiça”, pediu um grupo que carregava um cartaz com a palavra paz.

A manifestação foi reprimida com bombas de efeito moral. Do outro lado, jovens moradores da comunidade xingaram e jogaram pedras e garrafas em direção aos policiais.

“Cadê os projetos na comunidade? Mais uma comunidade sofrendo”, disse William, líder comunitário da Associação de Moradores do Quero, em vídeo gravado pela Faferj. “Mais um inocente. E aí, governador, o que tem a falar para a nossa comunidade?”
No dia 1º, uma menina de quatro anos foi baleada na Taquara, zona oeste do Rio, no momento em que comprava pipoca com a mãe, após sair da escola. Ela foi atingida na cabeça durante um confronto entre policiais e criminosos.

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Nesta segunda, a família da criança informou que ela está saindo aos poucos da sedação e já começa a mexer os braços e as pernas. Segundo a avó paterna, ela também tentou abrir os olhos. Mas o estado de saúde ainda é considerado grave.

A Polícia Civil informou que realizou ação após receber uma denúncia de extorsão e teria sido recebida a tiros por criminosos. Durante a ação, os policiais prenderam uma pessoa e apreenderam uma pistola e um carro roubado.

Em junho do ano passado, a designer de interiores Kathlen de Oliveira Romeu, 24, grávida de quatro meses, morreu após ser baleada durante um tiroteio entre policiais militares e criminosos na comunidade do Lins, na zona oeste do Rio
Cinco policiais militares são réus no processo, acusados de fraude processual, pois teriam alterado a cena onde a jovem morreu.

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