O novo ensino médio entra no segundo ano de vigência em 2023. A restruturação traz uma série mudanças, seja organizacional, curricular ou da carga horária. Subsecretária estadual de Educação Básica e Profissional, Andréa Guzzo, aponta que alguns pontos precisam ser avaliados.

Em entrevista à Rede TC de Comunicações, a subsecretária explica que o novo ensino médio traz a Formação Geral Básica, comum para todos os estudantes do País, com limite de até 1.800 horas durante os três anos de curso. Essa quantidade de horas é um dos pontos que considera necessária a reavaliação.

No novo ensino médio, secundaristas estudam de acordo com a área de conhecimento que optam para aprofundamento, conforme os interesses e habilidades. (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Andréia acrescenta que o novo ensino médio, a partir da Lei 3.415, traz alterações na organização curricular. Há componentes curriculares, denominados itinerários, no qual secundaristas estudam de acordo com a área de conhecimento que optam para aprofundamento, conforme os interesses e habilidades.

“O aluno quando faz o ensino médio, ele escolhe qual área de conhecimento gostaria de se aprofundar”, ressalta. As áreas de conhecimento são: Linguagem, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Sociais e Matemática.

Andréa frisa que essas opções não são consideradas como disciplina eletiva, já que todos os alunos que optarem por determinada área de conhecimento terão obrigatoriamente que cursar os mesmos itinerários. Os itinerários podem ser específicos dentro da área de conhecimento ou também misturando áreas.

“A gente faz algo no Estado interessante. O aluno quando escolhe uma área consegue vislumbrar as carreiras que ele pode optar. A gente apresenta as possibilidades de continuidade de estudos” – afirma.

 

Pontos positivos e negativos,

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segundo a subsecretária de Educação

 

Andréa Guzzo disse entender que, do ponto de vista da carga horária geral, ou seja, dos três anos do ensino médio, a ampliação do mínimo de 800 horas por ano –o Espírito Santo já oferecia 906 horas– para 1.000 horas anuais no novo ensino médio foi importante.

“A gente tem estudos que mostram que quanto mais tempo o aluno passa em carga horária, isso melhora a qualidade de ensino, o aprendizado. A própria Base Nacional Curricular Comum apresenta o mínimo que todos os alunos no território brasileiro têm que aprender. Isso está muito ligado ao direito da aprendizagem” – sustenta.

Entretanto, a subsecretária avalia que existem alguns impasses. “Por exemplo, não sei dizer se 1.800 horas [somando os três anos] é suficiente para esse mínimo”, salienta. Essas 1.800 horas se referem a parte da Formação Geral Básica, que é comum para todos os secundaristas nos três anos do ensino médio.

“Vai ter uma parte do currículo que é comum e essa parte seria 60% do currículo. Os outros 40% são para aprofundar na área de conhecimento optada pelo estudante”, explica. Para ela, esse ponto precisa ser avaliado.

Andréa frisa também que outro ponto de atenção no novo ensino médio é a possibilidade de cada estado, cada rede de ensino, propor o próprio itinerário dentro das áreas de conhecimento escolhidas para aprofundamento.

“Esses aprofundamentos, a forma temática que é trazida, que é uma infinidade de possibilidades, cada rede de ensino, priva ou pública, faz a sua proposta. Então, você pode ter aí, dentro desta perspectiva, uma variação muito grande de propostas. Esse é um ponto de atenção, em relação à qualidade que esses itinerários estão sendo ofertados” – frisa.

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Avaliação do novo ensino médio

 

A subsecretária estadual de Educação Básica e Profissional afirma que é preciso uma avaliação mais detalhada sobre o novo ensino médio. “Verificar se o currículo que está sendo dado está melhorando a aprendizagem do aluno, surtindo aquilo que o novo ensino médio propõe, para que o aluno veja mais sentido no currículo. Às escolas, que atendam mais as necessidades da vida moderna, preparem o aluno para a quantidade de estudos, para o trabalho, para a cidadania” – afirma Andréa Guzzo.

A subsecretária entende que é possível realizar essa avaliação por completo com três anos de implementação no novo ensino médio. Ela explica que, no primeiro ano, em 2022, para alunos da primeira série, não houve tanta mudança por ter sido mais focado na Formação Geral Básica.

Neste segundo ano, em que os itinerários começam a ser implantados, esses novos componentes podem começar a surgir.

Andréa frisa que a Sedu fará uma escuta aos alunos. A Secretaria realizará também um monitoramento para verificar se o currículo está melhorando o processo educacional, reduzindo abandono e reprovação e melhorando a aprendizagem.

 

Andréa Guzzo

afirma que não

houve liderança do

MEC na implantação

 

Conforme a subsecretária, em 2018, quando ocorreu a aprovação no novo ensino médio, houve um fomento do governo federal à época para a implementação em 18 escolas-piloto.

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“A partir daí, tiveram outras iniciativas, mas muito pequenas do ponto de vista de financiamento e do ponto de vista de liderança da reforma. Não houve liderança do MEC para a reforma do ensino médio” – frisa.

Andréa detalha que os estados tiveram que se organizar dentro do Conselho Nacional de Secretários para ter alguma unidade e pelo menos trocarem experiências para a implementação do novo ensino médio.

“Agora, a nossa expectativa é que o Governo Federal, o MEC, assuma a liderança. Traga algumas propostas de avaliação do novo ensino médio que acho muito prudente do Ministério da Educação, principalmente na avaliação do currículo. Isso é muito importante. Verificar se o currículo está melhorando o processo educacional, reduzindo abandono e reprovação e melhorando a aprendizagem” – afirma.

Um dos pontos que ela aponta que houve falta de liderança do MEC na implantação é em relação a transportes de estudantes.

“Por exemplo, os alunos, numa escola de ensino médio estadual, saem 12h20. Os da rede municipal já saem 11h30. Isso implicou numa logística de articulação com os municípios, de reorganização de rotas. Foram três anos trabalhando na estruturação da oferta de 1.000 horas anuais. E olha que a gente [o Espírito Santo] já ofertava 906 horas. Imagine estados que ofertam 800 horas? O impacto é enorme. Isso faz com que cada estado se vire. Não houve direcionamento do Ministério da Educação no passado” – sustenta.

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