Todos os povos celebram festas, para recordar as datas mais significativas de sua história e honrar seus heróis; assim, o povo cristão, como, aliás, todas as religiões amam comemorar eventos, que caracterizam sua cultura, sua espiritualidade e realçar seus místicos e santos. A atual teologia pastoral procura valorizar o rico potencial da religiosidade popular: nela, se manifesta frequentemente uma autêntica sede de Deus, apanágio de um coração simples e humilde. O Papa Paulo VI, na “Evangelii Nuntiandi” (1975), e os documentos de Puebla (1979) e vários da CNBB, consideram “a piedade popular” um setor importante da evangelização e da catequese.

A “religião do povo” é, de fato, portadora de uma experiência humana e religiosa profunda e, muitas vezes, fruto de uma autêntica imaginação criadora, ainda que percebida e expressa em formas diferentes dos habituais. Ela oferece à Igreja enormes possibilidades de evangelizar: pelo seu amplo leque social e por sua capacidade de congregar multidões, em determinadas ocasiões. Sobretudo, ajuda a Igreja a se aproximar das categorias do povo mais distantes da fé e das classes mais humildes, sedentas de Deus e dos valores do Espírito.

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Por não ser tudo grão limpo, a Igreja sentiu a necessidade de um discernimento, para valorizar o que é autêntico e descartar o que é palha. A mensagem evangélica, de fato, não é reservada a privilegiados ou escolhidos, mas, é destinada a todos, sem excluir ninguém. “Como toda a Igreja precisa de conversão – observa Papa Paulo VI – assim, a religião do povo”, pois a secularização crescente e o paganismo galopante procuram dessacralizá-la e paganizá-la.

A memória de Santo Antônio (1195-1231) – o santo mais popular – é celebrada no dia 13 de junho. Foi declarado “Doutor evangélico” pelos seus “Sermões Dominicais”, que resumem a profundidade de seu ensino, bíblico-teológico, e de como ele amava se dirigir ao povo simples e humilde. O “Santo dos Milagres”, o “Taumaturgo por excelência”, é especializado em encontrar as coisas perdidas ou roubadas, e um marido às moças, que pretendem casar-se. Papa Gregório IX o declarou santo apenas um ano depois de sua morte. Nasceu em Lisboa, da nobre família dos Bulhões. O pai, Martinho, foi o braço direito de Dom Afonso Henriques (1119–1205), na conquista da independência de Portugal do domínio espanhol.

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São João Batista é recordado no dia de seu nascimento, 24 de junho: santificado no ventre de sua mãe, Isabel, na Visitação de Maria, foi declarado “grande” pelo próprio Jesus. É o último dos profetas e o primeiro dos Apóstolos: apontou Jesus de Nazaré aos seus discípulos, como o Messias prometido. Encarcerado, por testemunhar a verdade da fé, morreu decapitado.

São Pedro e São Paulo (29 de junho) foram martirizados em Roma, na perseguição do imperador Nero (59-68 d.C.). A festa de ambos é a mais antiga: Pedro representa a Igreja ministerial; Paulo, a carismática. Pedro escreveu duas cartas; Paulo, quatorze. Eles, que, no mundo, difundiram o nome de Cristo e renderam-lhe o testemunho de seu amor e de seu sangue, continuem a proteger a Igreja, pela qual eles viveram e sofreram.

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(*Padre Ernesto Ascione é missionário comboniano.)

Foto do destaque: Arquivo/TC Digital

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