RICARDO DELLA COLETTA E MARIANNA HOLANDA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu na manhã desta terça-feira (24) o enviado especial do governo dos EUA para a Cúpula das Américas, Christopher Dodd, que propôs ao líder brasileiro uma reunião bilateral com Joe Biden. Seria o primeiro encontro entre os dois líderes.

O governo americano, que organiza esta edição da cúpula, está preocupado com um possível esvaziamento do evento, a ser realizado em Los Angeles, no início de junho, e, por isso, enviou um emissário para tentar convencer o líder brasileiro a comparecer à reunião.

A reunião no Palácio do Planalto durou menos de uma hora. O objetivo da viagem de Dodd, ex-senador democrata, foi, mais do que fazer convite, manifestar a importância da participação do governo brasileiro no encontro, de acordo com pessoas envolvidas nos preparativos da reunião.

Foto: Twitter Biden

A nona edição da Cúpula das Américas foi idealizada pelos EUA como forma de simbolizar o retorno da liderança do país sob Biden em assuntos da América Latina. Durante a presidência de Donald Trump, o republicano faltou ao evento em 2018, tornando-se o primeiro líder americano a negligenciar o encontro.

O evento deste ano pode ficar esvaziado não apenas porque Bolsonaro sinalizou resistência a comparecer, mas também porque o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, indicou que pode faltar.

Por isso, antes de vir ao Brasil, Dodd teve uma reunião virtual com Obrador para tentar reverter a decisão de não ir a Los Angeles. Para os americanos, realizar o encontro nos EUA sem os governantes das duas maiores economias da região seria um fiasco diplomático e reforçaria a imagem de que Washington já não tem o protagonismo de outrora. Obrador disse na semana passada que só irá à cúpula caso os EUA convidem os governos de Cuba, Nicarágua e Venezuela, ditaduras consideradas párias por Washington.

Embora um convite aos regimes autoritários esteja fora de cogitação, interlocutores avaliam que a flexibilização de sanções e restrições contra Cuba e Venezuela, anunciadas na semana passada, também foram sinalizações de Biden para tentar dobrar a resistência do líder mexicano.

Os EUA anunciaram a retirada de medidas impostas durante o governo Trump a remessas de dinheiro e viagens a Cuba. Na prática, as novas determinações facilitam, entre outros pontos, o envio de dólares de cubanos que moram nos EUA para familiares na ilha. Já o alívio das sanções contra a ditadura de Nicolás Maduro deve permitir que a estatal petrolífera PDVSA realize negócios antes proibidos.

Um alto funcionário do governo americano ouvido pela agência de notícias AFP disse esperar que uma das principais consequências do anúncio seja a retomada das negociações entre chavistas e membros da oposição venezuelana no México, sob mediação da Noruega.

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