THIAGO RESENDE
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Durante a votação do projeto que abre caminho para a privatização dos Correios, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e membros da oposição ao governo trocaram acusações de corrupção.
Numa sessão com poucos aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) discursando a favor da proposta que permitirá a venda dos Correios, o filho do presidente usou o tempo no plenário para defender uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), na esteira das acusações sem provas de fraudes nas urnas eletrônicas.

Depois, Eduardo acusou o PT de corrupção envolvendo os Correios e citou fraudes e o rombo no fundo de pensão dos funcionários da estatal, o Postalis. “Rombo esse feito durante a gestão [da ex-presidente] Dilma Rousseff. É claro que eles não vão largar esse osso”.

Na sessão no plenário da Câmara, partidos de esquerda se posicionaram contra o projeto.
Logo após a fala do deputado do PSL, foi a vez do deputado Henrique Fontana (PT-RS) declarar a visão da oposição sobre a proposta de privatização dos Correios. Já no início,

Eduardo interrompeu o discurso para dizer que o governo Bolsonaro é honesto.
Irritado, Fontana acusou o atual governo de estar envolvido na corrupção na compra de vacinas contra a Covid-19. “E que cobra propina de US$ 1 por dose”, disse.

O petista se referiu à apuração que teve início com reportagem do jornal Folha de S.Paulo, na qual o policial militar Luiz Paulo Dominghetti afirmou ter recebido pedido de propina de US$ 1 por dose de vacina da AstraZeneca para avançar a negociação. O autor do pedido de propina, segundo Dominghetti, foi o então diretor de logística da pasta Roberto Dias Ferreira, que foi exonerado no dia em que a reportagem foi publicada.

A sessão da Câmara era conduzida pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que é aliado de Bolsonaro e não se manifestou durante a discussão.
Mesmo longe dos microfones, Eduardo e oposicionistas, inclusive Fontana, continuaram a trocar acusações.

O filho do presidente Bolsonaro chamou os petistas de ladrões e disse que eles “roubaram os carteiros”.
“Tudo preso aí. Vai lá no STF [Supremo Tribunal Federal] pedir arrego. [Ex-ministro] José Dirceu. [Ex-presidente do PT] José Genoino. Toda essa quadrilha de ladrão”, gritou Eduardo.

Fontana respondia o deputado e o chamava de covarde, por não querer debater no plenário com os microfones ligados.
Eduardo postou um vídeo com parte da discussão numa rede social. No vídeo, ele não mostra as acusações feitas por Fontana envolvendo o governo Bolsonaro.
Procurados, os dois deputados ainda não se manifestaram sobre as críticas feitas pelo adversário político.

Numa vitória da equipe econômica do governo, a Câmara aprovou nesta quinta-feira (5) o projeto que abre caminho para a privatização dos Correios. A proposta, que quebra o monopólio da estatal e abre a empresa pública para o capital privado, teve o apoio de 286 deputados, e 173 foram contrários.

Para privatizar os Correios, o governo precisa primeiro do aval do Congresso para que serviços postais, prestados hoje pelos Correios em regime de monopólio, sejam explorados pela iniciativa privada.

O objetivo do projeto em análise pelo Congresso é eliminar a restrição de entrada de empresas no setor, ampliando a competição. Hoje, os Correios têm o monopólio do envio de cartas, telegramas e outras mensagens.

Se o projeto for aprovado pelo Legislativo e sancionado, o governo então fica autorizado a conceder a atividade postal à iniciativa privada. Com isso, o Executivo dará início ao processo de estudo para o edital da concessão, que transferirá as atividades dos Correios para o setor privado.

 

Foto do destaque: Elza Fiúza/Arquivo Agência Brasil

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