SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar alternava estabilidade e leve queda frente ao real nos primeiros negócios desta quinta-feira (1º), acompanhando a fraqueza externa da divisa norte-americana em meio a esperanças de desaceleração do aperto monetário do Federal Reserve, enquanto, no Brasil, investidores digeriam os dados do PIB do terceiro trimestre mais fracos do que o esperado.

O noticiário fiscal continuava no radar, mas investidores esperavam poucas novidades, já que a PEC da Transição só deve ser votada na semana que vem e não há expectativa de anúncio de ministros do novo governo ainda nesta semana.

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Às 9h04 (horário de Brasília), o dólar à vista tinha variação negativa de 0,01%, a R$ 5,1970 na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,17%, a R$ 5,2225.

Na quarta-feira (30), as taxas de câmbio e os juros futuros no Brasil caíram, enquanto a Bolsa de Valores registrou fortes ganhos. Investidores ficaram animados com a possibilidade de desaceleração no aumento das taxas de juros nos Estados Unidos já em dezembro.

A chance de diminuição no ritmo do aperto monetário, que está em curso desde o início do ano no país para frear uma alta histórica da inflação, alivia temores de que a escassez de crédito provocará uma recessão mundial em 2023.

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O presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), Jerome Powell, sinalizou nesta quarta que a autoridade monetária do país poderá aumentar a sua taxa de juros de referência em 0,50 ponto percentual em sua próxima reunião de dois dias, que será concluída em 14 de dezembro.

“O momento de moderar o ritmo de aumento das taxas pode chegar logo na reunião de dezembro”, disse Powell.

Se confirmada, essa elevação da taxa colocará fim a uma série sem precedentes de quatro aumentos de 0,75 ponto. Ao todo, foram seis altas neste ano. A taxa está hoje em patamar entre 3,75% e 4% ao ano.

A sinalização levou o dólar comercial à vista fechar o pregão em queda de 1,70%, a R$ 5,20, na venda. O índice Ibovespa, referência da Bolsa brasileira, subiu 1,42%, aos 112.486 pontos.

No mercado de juros futuros, a taxa DI (depósitos interbancários) para 2024 cedeu a 13,91% ao ano, depois de ter fechado na véspera em 13,96%.
No mercado de ações de Nova York, os principais índices também subiram. Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq saltaram 2,18%, 3,09% e 4,41%.

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Quando há sinais de que os juros nos EUA podem subir menos, os títulos do Tesouro americano perdem atratividade. É nesse contexto que investidores decidem levar seus dólares para outros ativos, como os mercados de ações e as commodities, e até mesmo para a renda fixa de países que pagam juros mais altos. É o caso do Brasil. Isso aumenta a oferta da moeda estrangeira e, por isso, o dólar cai e ações sobem.

Aumentar o custo do crédito, como o Fed vem fazendo, é uma forma de tirar dinheiro de circulação para esfriar a demanda e, assim, combater a inflação. No entanto, a alta dos juros também gera impactos negativos sobre investimentos e mercado de trabalho.

Por isso, o forte aperto monetário promovido pelos EUA acendeu o alerta entre economistas e investidores para um cenário negativo na maior economia do mundo -o que impacta os mercados globalmente.

Em meados de novembro, porém, a divulgação de um índice de inflação abaixo do esperado criou expectativas de que o Fed pudesse diminuir o ritmo da alta dos juros, dando mais fôlego à economia -previsão reforçada pela fala de Powell nesta quarta.

A fala do presidente do Fed não foi o único fator externo a beneficiar os indicadores do mercado financeiro brasileiro.

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Ações de exportadoras de matérias-primas impulsionam desde a terça ganhos na Bolsa de Valores, assim como empurram para baixo a cotação do dólar.

Os papéis mais negociados da Petrobras dispararam 5,04% na quinta, refletindo também a alta no barril do petróleo. A Vale, cujo volume negociado foi o maior do Ibovespa, avançou 1,50%.

O segmento foi beneficiado por sinalizações do governo chinês de que poderá flexibilizar sua política de Covid zero e pela possibilidade de manutenção de estímulos à economia no país.

Esse cenário favorece empresas brasileiras do ramo de materiais metálicos e de petróleo, entre outros, já que o país asiático é o maior consumidor mundial desses produtos.

Além de esperaram o afrouxamento das regras para controle da Covid, investidores também têm expectativas de que o presidente chinês Xi Jinping criará mais estímulos a setores importantes para a economia, como o imobiliário.

Protestos contra as restrições impostas por Pequim estão tomando as ruas em diversas cidades na China. As manifestações começaram no fim de semana, depois que um incêndio em Urumqi, capital da região de Xinjiang, matou dez pessoas. Segundo manifestantes, o corpo de bombeiros demorou para agir por conta das restrições.

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