É grande a missão materna! Nossa gratidão vai, hoje, à nossa mãe, a todas as mães e às que participam deste amor materno, dedicando-se à formação da juventude ou a cuidar dos mais fragilizados, filhos enfermos ou com deficiências; às mães separadas de seus maridos ou privadas de seus filhos; às que carecem de recursos, às mulheres refugiadas e às que não medem sacrifícios para sustentar sua família e a educação de seus filhos. É esta energia escondida, de esquecimento e dom de si, que renova, a cada dia, a humanidade de hoje no amor, no perdão e num mundo de paz. Que seria de nós sem o amor da nossa mãe?

A maternidade é a maior glória da mulher e uma das experiências mais profundas do amor humano. Nas culturas antigas, inclusive a de Israel, toda dimensão feminina era reduzida à maternidade.  A mulher, hoje, sente, porém, que sua missão não pode ser limitada à maternidade, como o homem à paternidade. O problema feminino, que, agita o mundo contemporâneo, como também as Igrejas, é a tomada de consciência delas de sua dignidade e o desejo de participar ativa e plenamente, com o seu carisma tipicamente feminino, na construção de um mundo novo, mais humano e feliz.

O Novo Testamento apresenta uma profunda valorização da condição feminina: se Eva é a transmissora da vida, Maria, a Mãe do Messias, doa o Salvador. No seu projeto salvífico, Deus coloca no centro a mulher: é por ela que o Messias chega à terra. Sua virgindade é o símbolo da fé, que acolhe com alegria o dom gratuito de Deus, de vida e salvação: ela não é apenas modelo para toda mulher e toda mãe, mas, também, para a Igreja. A maternidade natural é completada nela pela maternidade espiritual: sua vocação não se reduz à simples transmissora da vida; ela é, sobretudo, portadora do crescimento integral de cada pessoa, em valores humanos e espirituais.

As mulheres – anotam os evangelistas – seguiram a Jesus de modo apaixonado: uma samaritana foi a sua primeira missionária; muitas mulheres O acompanhavam na sua pregação itinerante, sustentando-O, até mesmo, com suas próprias economias. Foram elas que estavam junto à cruz, quando todos O abandonaram. Maria Madalena e suas companheiras foram as primeiras testemunhas de sua ressurreição e “apóstolos” dos apóstolos. Jesus correspondeu à tamanha generosidade, propondo a mulher como modelo de fé e curando-as de seus males, sobretudo, libertando-as da opressão, que sofriam, por aquela sociedade machista e excludente.

Papa João 23, na “Pacem in Terris” (1963), declarou o Movimento feminino-feminista “um dos sinais dos tempos”, junto com a classe operária, a emancipação dos povos e a vida democrática. Entre as grandes religiões do mundo – Judaísmo, hinduísmo, budismo, islamismo – o cristianismo é a religião, que mais e melhor, senão a única, que defendeu e promoveu a mulher em sua dignidade de filha de Deus. O Evangelho é o livro mais feminista que se possa ler. A Igreja, na sua praxe, deve ainda percorrer um longo caminho em valorizar o carisma feminino.

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(*Padre Ernesto Ascione é missionário comboniano e vigário cooperador da Paróquia São José, Serra-ES.)

Foto do destaque: TC Digital/Arquivo

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