O desenvolvimento agrícola de São Mateus e de todo o Espírito Santo, além do sul da Bahia e leste de Minas, deve-se muito ao trabalho desenvolvido pelo Centro Universitário Norte do Espírito Santo (Ceunes), seja em pesquisas ou na entrega ao mercado de profissionais qualificados.

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical, o professor Edney Leandro da Vitória destaca que mais da metade das 153 dissertações de Mestrado se transformaram em benefício para a sociedade. A afirmação dele se baseia em dados do Conselho de Pesquisa e Extensão da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

O curso de Mestrado em Agricultura Tropical do Ceunes completou 12 anos em maio deste ano e já contribui em pesquisas importantes para o País, principalmente para a cultura do café conilon.

Dos 153 egressos do Programa de Agricultura Tropical, Edney frisa que alguns já atuam como professores no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), 20 são doutores formados e outros estão concluindo o pós-doutorado. Há também profissionais que atualmente são docentes no próprio Centro Universitário. “Tem outros alunos que prestam serviço na região em consultorias, revendas, empresas de adubação e fertilizantes. Nenhum está desempregado” – frisa.

O coordenador ressalta que o Programa tem conceito 4 da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), vinculado ao Ministério da Educação, que é de mediano para bom. “A gente está tentando alcançar o conceito 5 e no futuro ter o curso de doutorado”, adianta.

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Fazenda experimental do Centro já desenvolveu 43 genótipos de conilon

Atual diretor de Pós-graduação da Ufes, o professor Fábio Partelli é um pesquisador conceituado e renomado no Brasil e no exterior na área de cafeicultura, tendo desenvolvido no Ceunes alguns genótipos de café conilon. Os clones são desenvolvidos especificamente para o norte do Estado e sul da Bahia por serem mais resistentes à seca.

O professor Edney Leandro da Vitória detalha que a fazenda experimental do Ceunes tem um campo agroecológico, que é de demonstração, onde são apresentados esses tipos diferentes de café conilon.

“Temos mais de 43 genótipos lá. Eles são mais resistentes a determinada praga, a seca, são mais produtivos em determinada condição de estresse. Outros são menos produtivos, outros mais tardios. Os produtores de café conilon têm muitas variedades diferentes em função da sua especificidade” – sustenta.

Por serem mais resistentes a seca, os clones de café conilon desenvolvidos no Ceunes são especificamente para solos do norte do Estado e do sul da Bahia. Foto: Divulgação

ANÁLISE DE SOLO E RAIZ

Um dos 12 laboratórios utilizados pelo Programa de Agricultura Tropical do Ceunes é o de Nematologia, que é coordenado pelo professor Marcelo Barreto. “O laboratório presta serviço fundamental aos agricultores, principalmente cafeicultores e produtores de pimenta”, ressalta o professor Edney Leandro da Vitória.

Conforme explica, os produtores rurais enviam amostras de solo e raiz ao Centro Universitário com o objetivo, por exemplo, de identificar nematoides, “que é um problema muito sério na região”. O material é analisado e os agricultores recebem um relatório sobre a qualidade do solo e raiz das plantas.

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Pesquisas de tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas do Ceunes são referências no Brasil

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical do Ceunes, o professor Edney Leandro da Vitória atua em pesquisas de técnicas e tecnologias de aplicação de defensivos agrícolas, estudos que têm o objetivo de minimizar os impactos de pragas na atividade agrícola.

O professor Edney Leandro da Vitória ressalta que o Programa de Agricultura Tropical do Ceunes possui conceito 4 no Ministério da Educação, que é de mediano para bom, e que o objetivo é alcançar o conceito 5 e ter o curso de doutorado nesta área. Foto: Divulgação

O professor detalha que há pesquisas avançadas, com dissertações já defendidas e outras em produção, com tecnologia de aplicação de defensivos e fertilizantes em lavouras utilizando drones, por exemplo.

“O norte do Espírito Santo, sul da Bahia e leste de Minas são regiões onde mais se usam drones pulverizadores e a gente tem que orientar da forma correta o produtor”, sustenta.

Ele afirma, com orgulho, que as pesquisas iniciadas em 2018, inclusive realizando wokshop em São Mateus, contribuíram, junto com o Incaper, na formulação de uma minuta da resolução de normativa do Ministério de Agricultura, vigente desde setembro de 2021, a respeito do uso de aviões não tripulados no Brasil.

As pesquisas iniciadas em 2018 no Ceunes contribuíram na formulação de uma normativa do Ministério de Agricultura, vigente desde setembro de 2021, a respeito do uso de drones no Brasil. Foto: Divulgação

Estudos envolvem também déficit hídrico e produção

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O professor Edney detalha que há outras linhas de pesquisas importantes no Ceunes que contribuem para o desenvolvimento agrícola mateense.

Cita como exemplo outras pesquisas ligadas também a cafeicultura e pimenta-do-reino que são dissertações sobre déficit hídrico e produção lideradas pelo professor Robson Bonomo.

Outras culturas também são objeto de pesquisas no Ceunes. Conforme Edney, o professor Edilson Schmildt desenvolve junto aos mestrandos produções consideráveis na fruticultura, principalmente o mamão, com genótipos registrados no Incaper.

O professor Antelmo Falqueto atua na área de biodiversidade, principalmente quando se trata de fisiologia de plantas litorâneas. Já o desenvolvimento de fertilidade de solo para várias culturas diferentes tem atuação incansável do professor Ivoney Gontijo.

Há pesquisas também nas áreas de conservação e manejos de solo e de água. O professor Edney frisa que existe um convênio com a Petrobras para recuperação de áreas degradadas em locais onde poços de petróleo são abandonados. De acordo com ele, os professores Adriano Alves Fernandes e Fábio Pires trabalham nessa área.

Já os professores Marcelo Barreto e Andreia Gontijo têm desenvolvido questões específicas na agroindústria para a pimenta-do-reino, principalmente em relação à contaminação e qualidade no pós-colheita. Outra fragilidade da pipericultura, relacionada a insetos e controle biológico, vem sendo resolvida por meio de pesquisa do professor Dirceu Pratissoli.

 

Foto de destaque: Altis/Divulgação

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