Ponto turístico no centro da Cidade e considerado pelos comerciantes como local perfeito para receber famílias, o Mercado Municipal Wilson Gomes está passando por dias difíceis no quesito segurança. Comerciantes acionaram a Rede TC de Comunicações para relatar que enfrentam seguidos ataques na madrugada e apontam como principais suspeitos moradores de rua que se aglomeram nos arredores. Em aproximadamente 30 dias, foram ao menos quatro invasões na madrugada, com roubos e prejuízos com vandalismo. À TC, disseram que estão impotentes, lesados, inseguros e com medo de trabalhar.
Em um desses ataques, na sexta-feira (4), um criminoso usou uma rapadura, roubada de uma banca, para arrombar a porta de um salão, de onde levaram um televisor de 32 polegadas. O gestor, Joeder de Assis Rezende, disse que ainda faltam quatro prestações do aparelho para serem pagas, num prejuízo de cerca de R$ 1.300, fora o conserto da porta. “A gente se sente incapaz, sem poder fazer nada. Só aceitar a situação” – comentou. Toda a ação foi filmada pelo sistema de videomonitoramento instalado no Ponto de Apoio da Polícia Militar localizado dentro do Mercado Municipal, e o autor identificado pelas vítimas. Porém a informações dos comerciantes é que ele ainda não foi detido e nem a televisão recuperada.
Neste mesmo dia, dois restaurantes, um de Sula Machado Nunes e outro de Darlene Quinteiro Bertolani, também foram alvos do larápio. No restaurante de Darlene, o ladrão, não conseguindo executar o roubo de caixas vazias com vasilhames, acabou atirando quatro caixas com garrafas do mezanino, acarretando prejuízo de cerca de R$ 150. “Estamos nas mãos dos andarilhos. Estamos perdidos. Só Deus por nós. Eles pedem comida e, se a gente não dá, chegam nos ameaçam, muitas vezes com faca” – descreveu Darlene, que trabalha no local há 32 anos.
Outro comerciante, Gelson Penalva, teve o carrinho de mão que usava para transportar caranguejos, comprado há menos de um mês, roubado recentemente. Ele afirma que ainda falta uma prestação para pagar, num prejuízo de R$ 110.
Administrador diz que problema é social e pede ajuda das autoridades
Administrador do Mercado Municipal Wilson Gomes e de feiras livres do Município, Gilton Gomes de Jesus, conhecido como Pia, visitou comerciantes depois que soube dos ataques de terça-feira (8). De acordo com ele, uma reunião teria sido realizada no início da manhã entre integrantes de uma associação de comerciantes e funcionários da Secretaria Municipal de Assistência Social. Pia disse que o problema é de cunho social, e que andarilhos vindos de outras cidades são os principais suspeitos dos ataques.
Ele afirmou ainda que outra reunião, com o comandante da 1ª Companhia da Polícia Militar de São Mateus, representantes do Conselho Tutelar e das secretarias de Defesa Social, de Assistência Social e da Saúde, está agendada para esta quinta-feira (10).
O administrador adiantou que o assunto em pauta será o encaminhamento de uma solução para a insegurança relatada pelos comerciantes no Mercado Municipal. Ele detalhou que o local possui vigias noturnos, que trabalham sempre das 18h às 6h, porém na sexta-feira (4), dia do ataque que culminou no roubo do televisor do salão, o vigia do turno foi realocado para fazer a segurança numa unidade de saúde.
Em relação ao ataque de terça-feira, disse que provavelmente teria ocorrido numa janela de uma hora, entre 6h, horário em que o vigia deixa o posto, e 7h, quando o Mercado Municipal é aberto. “Estamos aqui para revolver, mas precisamos de ter o apoio das autoridades”, complementou Pia, que é ex-vereador.
Outro problema que o administrador disse que pretende levar às autoridades para que seja resolvido é relacionado a garotas de programas que, segundo ele, atuam no Mercado Municipal. “Aqui é um local de família e não pega bem mulheres seduzindo os aposentados”.
“Perdi a conta de quantas vezes fui roubada”
Em tom de desolação, a cozinheira Sula Machado Nunes afirma: “Perdi a conta de quantas vezes fui roubada”. Trabalhando há 12 anos num restaurante herdado da mãe, no Mercado Municipal Wilson Gomes, Sula afirma que, neste período, foram incontáveis as vezes que foi vítima de ataques de ladrões. Ela relata que os criminosos invadem o local sempre à noite e pede uma solução das autoridades, como vigias noturnos e policiamento mais próximo dos estabelecimentos.
“A gente se sente impotente. A Polícia Militar só prende se for em flagrante. Se tiver um vigia durante à noite, pelo menos inibe os bandidos” – afirma. Acreditando que os ataques são feitos por moradores de rua, e que eles sejam de outras localidades, a comerciante sugere também que seja feito um cadastramento, identificado de onde vêm, para que sejam enviados novamente para as cidades de origem. “Se for preciso, a gente até colabora com o pagamento das passagens”, comenta.
Dona de um restaurante ao lado, Gerusa Calixto da Conceição relata que o estabelecimento dela foi alvo de ação criminosa há menos de um mês. Há quatro meses trabalhando no local, segundo ela o prejuízo foi de mais de R$ 200, com todas as carnes do congelador sendo roubadas. “A gente fica com medo de procurar pelos nossos direitos e ainda ser ameaçado. A vida da gente é mais importante” – conclui.
Segundo os comerciantes, na terça-feira as bancas foram alvo de saqueadores com furtos de pequenos objetos, dinheiro e mercadorias, além do vandalismo. “Estou me sentindo péssima, lesada. Aqui dentro tem muito ‘pé-inchado’” – argumentou a vendedora Veranilda de Almeida, uma das vítimas mais recente.