Centro da vida cristã é o mistério pascal de nosso Senhor, Jesus Cristo, sua Morte e Ressurreição. Desde os tempos mais antigos, a comunidade cristã se preparou para celebrar este evento com o “Tempo da Quaresma”. A Igreja do Brasil –a fim de melhor valorizar a dimensão comunitária desta recorrência– todos os anos, convoca os cristãos, para participarem, neste tempo, da Campanha da Fraternidade (CF). O tema escolhido, neste ano, é: “Fraternidade e amizade social” e o lema: “Vós sois todos irmãos e irmãs”: se inspiram na Carta-Encíclica do Papa Francisco, “Fratelli Tutti”, do 3 de Outubro de 2020.

Finalidade da CF 2024: implementar um esforço de conversão e de reconciliação no seio da Igreja e da sociedade; vencer, em nosso ambiente, discórdias e divisões; multiplicar gestos de cordialidade, gentileza e solidariedade a favor do nosso próximo –para construir um relacionamento mais humano e respeitoso para com todos; vencer o espírito de egoísmo e prepotência, e implementar a prática do mandamento novo, do amor mútuo, sinal profético da Ressurreição de Jesus Cristo. “Fazem parte do processo de evangelização –diz Papa Francisco– a superação de individualismos e nacionalismos; crescer na abertura para com o outro, no diálogo, na mútua compreensão, na fraternidade e na amizade social”.

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Neste mundo, dilaniado por divisões e conflitos, somos convocados a testemunhar, com nossas atitudes, a Ressurreição do Senhor. Diante dos excessos de crueldade e do número sem fim de vítimas inocentes –cujo sangue grita até Deus– o esforço humano é insuficiente; é preciso recorrer à graça divina. A CF –neste ano completa 60 anos– proclama que Cristo veio nos trazer, com sua Páscoa, a dignidade perdida: ao refazer em nós a imagem e a semelhança com Deus, desfigurada pela rebeldia de primeiro homem, nos devolveu, também, o dom da fraternidade: uma vida nova, já agora, de amizade social e de esperança em um mundo novo, reconciliado.

Estamos bem longe de realizar a “civilização do amor”, preconizada pelo Papa Paulo VI, no encerramento do Concílio Vaticano II. Numa época de tão elevado progresso científico, é incompreensível o desprezo, que se tem pela vida humana, o bem comum e a solidariedade. A CF 2024 aponta o remédio: descobrir o valor inestimável de cada pessoa humana, de modo especial, dos fragilizados, necessitados de ajuda. Perante a escalada da ganância, sede de poder e de tantas outras formas de escravidões, a Igreja aponta a missão de cada cristão: ver, compadecer-se e cuidar.

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Ver: garantir a cada pessoa o desenvolvimento pleno e integral de sua vida –inviolável desde o seu concebimento. Compadecer-se: buscar uma distribuição mais equitativa de bens, ultrapassando o sistema econômico atual, predatório-concentrador. Cuidar: se comprometer para oferecer a todos saúde, instrução, segurança e emprego, tendo um amor preferencial pelas categorias mais humildes, como os negros e os índios. “Todo esforço para construir uma sociedade mais humana e solidária –recorda o Papa– ainda não satisfaz a contento o coração humano: é no encontro definitivo com Deus, que o homem poderá realizar seu sonho de plenitude de vida e felicidade”.

 

(*Padre Ernesto Ascione é missionário comboniano e vigário cooperador da Paróquia São José, Serra-ES.)

Foto do destaque: TC Digital

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