ALEX SABINO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Clubes da Série A do Campeonato Brasileiro esqueceram rivalidades regionais ou diferenças com a CBF para se unirem contra o Flamengo.
A reportagem falou com dirigentes de 10 dos 20 times que disputam a elite do país. Eles consideram que a polêmica da realização do jogo contra o Palmeiras foi a gota d’água da atitude flamenguista em relação ao torneio.
Alguns deles manifestaram a opinião que se o jogo deste domingo (27) não acontecesse, o campeonato deveria ser paralisado por uma questão de igualdade.
“Todos os times devem ser tratados iguais. Se você lembrar, nós jogamos contra Athletico e Palmeiras com 18 casos de coronavírus no clube. Existe um protocolo que foi aceito por todos os participantes”, se queixa o presidente do Goiás, Marcelo Almeida.
A sensação das demais equipes ouvidas pela reportagem (e quase todas falaram na condição do anonimato) é a de que o Flamengo quer impor sua vontade sobre os demais goela abaixo. Houve também desconforto causado pelos pedidos de liminares na Justiça feitos pelo Sindeclubes e Saferj, que beneficiavam o clube carioca.
“Os regulamentos são claros, com previsão de penas gravíssimas: os clubes não podem pleitear nem se beneficiar de decisões da ‘Justiça comum’ que digam respeito à organização das competições”, escreveu o presidente do Atlético-MG, Sergio Sette Camara, em sua conta no Twitter.
O clube que entra com pedidos jurídicos fora da esfera esportiva, o que é proibido pela Fifa, pode ser punido com advertência, multa, rebaixamento ou suspensão. Exatamente por isso, os rivais do Flamengo enxergam o pedido do Sindeclubes, presidido por um funcionário da equipe rubro-negra, como o ato de um laranja.
O descontentamento com o clube carioca não é novo. A agremiação entrou em conflito com Fluminense e Botafogo para a volta do estadual em junho, ainda com casos de Covid no estado do Rio de Janeiro em alta.
Algumas equipes, mesmo as que são simpáticas ao que ficou conhecida como MP do Mandante, acham beligerante a atuação do presidente rubro-negro Rodolfo Landim para fomentar um conflito com o grupo Globo. A maioria quer uma situação mais diplomática.
A Medida Provisória, editada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), determina que o time mandante tem o direito de vender os direitos de transmissão dos seus jogos. Pela Lei Pelé, é preciso acordo entre as duas equipes envolvidas.
Há também o isolamento do Flamengo na questão da volta dos torcedores, algo que o clube bate o pé para acontecer, aliado ao prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos). Ele deseja 20 mil pessoas no Maracanã no jogo contra o Athletico, em 4 de outubro.
A CBF não aceitou a iniciativa, e todos os outros times do Brasileiro consideram o retorno do público precipitado. A maioria das equipes quer sim o retorno da torcida, mas só quando isso for possível em todos os locais de jogos. No estado de São Paulo, por exemplo, a volta neste atual momento da pandemia foi vetada pelo governador João Doria (PSDB).
O clube carioca, com o aval do prefeito do Rio, acredita que a decisão da volta não cabe a CBF e nem aos clubes, mas às autoridades municipais e estaduais.
Um presidente de clube da Série A disse à reportagem que o Flamengo está mais preocupado em se unir a políticos do que às demais agremiações do Nacional. Outro afirmou ser preciso “cortar as asas” do clube da Gávea.
“O maior problema do futebol é quando um clube só pensa nele e em mais nada. Suspender um jogo é suspender o protocolo que todos toparam. Melhor paralisar o campeonato inteiro então”, postou o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, no Twitter.
Em nota, a FPF (Federação Paulista de Futebol) criticou o Flamengo e chamou a tentativa de suspender a partida contra o Palmeiras de “articulação arrogante”.

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