“A gente fica com muita dor”. A declaração é do médico Pedro Luis Caballero Jhonson, 35 anos, um dos cubanos que integram o Programa Mais Médicos, do Governo Federal, em São Mateus. Falando sobre a saída de Cuba do programa, anunciada no dia 14 pelo governo da ilha do Caribe, Pedro enfatiza que a maior tristeza é pela situação que prevê em relação à saúde brasileira. Conforme disse, os cubanos vieram pela falta de profissionais para o atendimento nas comunidades do interior e regiões periféricas e teme uma desassistência à população menos favorecida.

Pedro Luís: “sou muito amado e tenho o respeito e a admiração dos mateenses”. Foto: Wellington Prado/TC Digital

Pedro Luís chegou a São Mateus em março de 2014 e já obteve residência permanente. Por isso, acredita que poderá continuar, mesmo com fim da parceria entre Cuba e Brasil. Casou-se com uma brasileira, separou-se e atualmente tem uma namorada. “Tenho muito amor ao Brasil e muita gratidão, porque, no Brasil, principalmente em São Mateus, sou muito amado e tenho o respeito e admiração dos mateenses”, disse, emocionado.

O médico lembra que quando chegou à Cidade, observou problema de doença crônica e de mortalidade materna no Município. Quase cinco anos depois, avalia que a situação melhorou e destaca que a população aprova o atendimento dos médicos cubanos. Pedro atua na unidade de saúde do Bairro Aviação, conciliando um dia na semana com atendimento na unidade do Bairro de Fátima (Ideal). Ele afirma que, no Município, já atuou nas unidades de Nova Lima, Santa Maria, Nativo/Campo Grande, Paulista e Santa Leocádia (Km 23).

Pedro Luis fala, com tristeza, das desconfianças levantadas com a qualidade dos profissionais cubanos. O médico responde que a medicina de Cuba é referência mundial, com profissionais em 68 países, sendo requisitada, por exemplo, por França e Portugal. Sobre a questão salarial, na qual parte é destinada a Cuba, o médico pondera que ninguém chegou ao Brasil obrigado e sim com espírito de ajudar e trabalhar.

O médico frisa que é formado na Universidade de Ciências Médicas de Cuba e, assim como outros companheiros, tem especialização em Saúde da Família pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, além de capacitações que passam frequentemente. Sendo assim, entende que participar do Revalida é um requisito desnecessário. Mesmo assim, caso seja preciso, para continuar, não enxerga problema em passar por esta revalidação. O médico salientou que estudou o idioma português em Cuba e, no Brasil, fez uma prova em São Paulo, antes de seguir para trabalhar no País, além de ser submetido a avaliação periódica por profissionais brasileiros.

A Rede TC busca também o posicionamento do Conselho Regional de Medicina (CRM-ES). Delegado em São Mateus, o médico André Goltara indicou, no dia 16, que a Reportagem entrasse em contato com o presidente estadual do conselho, Celso Murad. Contudo, as ligações não foram atendidas e mensagem enviada ao telefone celular não havia sido respondida até o fechamento desta matéria, às 20h30 desta segunda-feira (19).

 

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