No monte Tabor, aconteceu um dos eventos mais importantes da vida de Cristo: a sua Transfiguração, em que se revelou Filho de Deus e Messias, anunciado pela Lei e os profetas, representados por Moisés e Elias. Ele, o resplendor da Glória do Pai, recebe o mandato de transformar a humanidade, de “massa damnada” (humanidade perdida), em povo, “que conhece a Deus na verdade e santamente o serve” (Concílio). O evento anuncia, também, a ressurreição do Senhor e sua vinda gloriosa, no final dos tempos, em que Deus vai ser tudo em todos: “Eu serei o vosso Deus e vós o meu povo”.

O monte Tabor recorda o Monte Sinai, onde Deus fez a sua primeira aliança, dando ao seu povo uma lei, caminho de felicidade; o Monte da Tentação, onde “o príncipe deste mundo” é vencido e Jesus, felicitado pelos anjos; o Monte Moriá, onde o Pai poupa a Abraão a morte de seu único filho, Isaque, mas, não a Ele a dor pela morte de seu “único Filho”; o Monte Horeb, em que Elias experimenta a presença de Deus, numa “brisa leve e suave”; o Monte das Oliveiras, em que, Jesus, no Getsêmani, renova sua confiança filial ao Pai e, enfim, o Monte Calvário, onde o Filho “obedeceu até a morte e morte de cruz. Por isso, Deus o exaltou, e lhe deu um nome, que está acima de qualquer outro nome”.

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Um grande mistério é desvendado neste monte: na pessoa de Cristo, se fundem duas naturezas, a humana e a divina. Ele é em tudo igual a Deus na divindade e em tudo igual a nós na humanidade: radicalmente aberto ao Pai e totalmente doado aos homens. A plena comunhão com o Pai – em cuja intimidade vivia mergulhado, permanentemente, – era a fonte secreta daquela energia espiritual, que irradiava em seu ministério de pregador itinerante. “Se Jesus – diz Papa Francisco – não tivesse se retirado para uma solidão profunda com Deus, jamais poderia ter ido tão longe na comunhão com os homens”.

Um grande ensinamento nos advém deste evento: nos faz descobrir que não é possível separar o Cristo orante, transfigurado no Tabor, do Cristo, amigo dos pecadores e dos excluídos; do fundador do Reino, em que o primeiro é o último, o maior é o menor e aquele que governa, como aquele que serve, para que todos, “tenham vida e vida em abundância”. Na contemplação, Cristo buscava aquela intimidade com o Pai, que lhe dava forças para fazer de sua vida um dom radical aos outros. Assim, é a vida cristã: contemplação e ação, oração e empenho pela “fraternidade e amizade social”.

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A missão evangelizadora, por ultrapassar forças e capacidades humanas, exige cultivar, como em um novo Tabor, um encontro pessoal e permanente com Cristo. Na intimidade com Ele, recebemos aquela força necessária para construir um mundo melhor, de justiça e paz. Importa sermos solitários para sermos solidários, pois o anúncio do Evangelho é a caridade mais sublime. Esta é a mensagem que a CF ´24, quer fazer chegar a todos.

(*Padre Ernesto Ascione é missionário comboniano e vigário cooperador da Paróquia São José, Serra-ES)

 

Foto do destaque: TC Digital/Arquivo

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