O calendário litúrgico celebra a memória de São José Operário, o Santo Padroeiro dos trabalhadores. O calendário civil é um dia de reflexão para a classe trabalhadora.

Ao participar de atos por todos o País, nunca é demais rememorar as origens do primeiro de maio –Dia Internacional do Trabalho. Tudo começou em 1886, ano que marcaria o coração e a consciência dos trabalhadores do mundo inteiro.

No final do século 19 não existiam leis que regulassem o trabalho. Jornadas extensas, baixos salários, trabalho infantil, tudo isso era considerado natural e fazia parte do modelo de organização e exploração do trabalho na Europa, especialmente na Inglaterra, e de lá para o resto do mundo.

Ao menor sinal de discordância dos trabalhadores com esse modelo, o governo e a polícia agiam de maneira truculenta. E foi neste final de século que os trabalhadores se organizaram mais e reivindicaram dos patrões melhores condições de trabalho e salário.

Isso aconteceu também nos Estados Unidos da América, quando em 1886 os trabalhadores da cidade de Chicago resolveram marcar uma greve geral para 1° de maio. O movimento começou num sábado chuvoso, com atos e passeatas. Um dia depois, um choque entre polícia e trabalhadores deixou noves mortos.

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No dia seguinte, novos conflitos e mais quatro mortos. Em resposta à repressão da polícia, o anarquista August Spies convoca um ato público. A manifestação chegava ao final, quando a polícia tentou impedir um líder de fazer o seu discurso. De repente, uma bomba explodiu no meio da multidão, um policial morreu e a polícia revidou assassinando 80 operários. Imediatamente começou a caça às bruxas, com prisão de oito líderes dos trabalhadores. Cinco foram condenados à morte por enforcamento e três à prisão perpétua.

Três anos mais tarde, em 14 de julho de 1889, durante celebração da queda da Bastilha, o congresso Internacional dos Partidos Socialistas, reunidos em Paris, França, fundaram a Segunda Internacional Socialista e proclamaram o 1° de maio como o Dia Internacional do Trabalho em homenagem aos trabalhadores massacrados em Chicago. A data é confirmada na Terceira Internacional Socialista de 1919, liderada por Vladimir Lenin.

 

NO BRASIL

Nesta época, início do século 20, a estrutura econômica do País era predominantemente agrária, quase não haviam indústrias. A primeira manifestação do 1° de maio ocorreu no Rio de Janeiro, em 1906, organizada pela COB (Confederação Operária Brasileira), também primeira experiência de Central Sindical do País. A COB era combativa e já naquela época considerava a data como um dia de luta. As bandeiras da Central eram: jornadas de 8 hora, melhores condições de trabalho e autonomia sindical.

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Em 1919 acontece o maior ato do 1° de maio realizado até aquela data. Na praça Mauá, centro do Rio de Janeiro, reuniram-se mais de 50 mil trabalhadores para reivindicar: jornada de 8 horas e louvar a Revolução Socialista Russa e Húngara.

Mas o capital também se mexia: nascem os sindicatos ligados aos governos e aos patrões, batizados de “Amarelos”. A divisão entre socialistas e anarquistas e o enfraquecimento das organizações dos trabalhadores, possibilitou a Getúlio Vargas, ditador, a partir de 1930, a se “apropriar” do 1° de maio e usá-lo de forma paternalista, passando a “conceder” a conta-gotas, todos os anos, aumentos no salário mínimo e reformas trabalhistas.

Estas manifestações serviram e servirão de inspirações para muitas outras. Essas lutas de trabalhadores não foram em vão. Os trabalhadores conquistaram uma série de direitos que estão consolidados no Código de Leis Trabalhista (CLT) e também na Constituição.

Nos últimos seis anos, as medidas adotadas pelos governos ficarão para as reflexões sobre esse período. Com o erro do pensamento neoliberal, sobre a lógica do crescimento econômico vieram as flexibilizações das legislações trabalhistas, a reforma da previdência e o teto dos gastos.

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Assim, o Brasil assiste a falência da classe trabalhadora sobre os argumentos das reformas, principalmente a trabalhista, acelerando uma crise ao mercado de trabalho, uma vez que o número de desempregados e incrementos das desigualdades só aumentam no País.

Para o futuro, fica a certeza da luta da classe trabalhadora para rever as reformas e corrigir os equívocos cometidos. É necessária a preocupação com a promoção social e a dignidade dos trabalhadores.

 

Evanete Negris

Economista, administradora,

professora e ex-vereadora

São Mateus-ES

 

Foto do destaque: TC digital

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