LEONARDO VIECELI

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O economista Eduardo Rios Neto foi exonerado do cargo de presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), conforme portaria publicada em edição do Diário Oficial da União na segunda-feira (2).

O instituto afirmou nesta terça (3) que Rios Neto será substituído pelo atual diretor de pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, até a nomeação de um novo presidente pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Assinada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, a portaria também confirma a exoneração de Marise Maria Ferreira da função de diretora na diretora-executiva do IBGE e a dispensa de Rose Mary Rodrigues, diretora-adjunta. Os nomes que ocuparão esses cargos ainda não foram divulgados.

As mudanças ocorrem no momento em que o IBGE corre para finalizar a coleta do Censo Demográfico 2022, que tem sido marcada por atrasos. O Censo é o estudo mais detalhado sobre as características demográficas e socioeconômicas da população brasileira.

Na gestão Lula, o IBGE deve ficar sob o guarda-chuva do Ministério do Planejamento, comandado por Simone Tebet. O instituto estava sob a estrutura do Ministério da Economia no governo Jair Bolsonaro (PL).

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Doutor em demografia, Rios Neto assumiu a presidência do IBGE em abril de 2021, após Susana Cordeiro Guerra pedir demissão. Ela foi a primeira presidente do instituto no governo Bolsonaro.

A saída de Guerra veio depois do corte de quase 90% no orçamento do Censo, que foi cancelado em 2021 pelo segundo ano consecutivo. Em 2020, a pesquisa não foi realizada devido às restrições do começo da pandemia.

Tradicionalmente, o Censo ocorre de dez em dez anos. A última edição concluída foi em 2010. Com os dois anos de atraso, a coleta da nova pesquisa só foi iniciada em agosto de 2022 e estava prevista para terminar em outubro.

O IBGE, porém, enfrentou dificuldades para contratar e manter em campo os recenseadores. O órgão associou a situação ao aquecimento do mercado de trabalho.

Parte dos recenseadores, por outro lado, reclamou de atrasos em pagamentos e valores abaixo dos níveis esperados. Houve ameaças de greve.

Em meio a esse cenário, o IBGE passou a prever o fim da coleta do Censo para janeiro deste ano. Ou seja, o trabalho levará no mínimo seis meses até a conclusão, o dobro da expectativa inicial (três meses).

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No dia 28 de dezembro, o instituto divulgou uma prévia do Censo, que calculou a população brasileira em 207,8 milhões de habitantes. O órgão teve de usar estimativas para complementar os dados apurados até 25 de dezembro.

Rios Neto participou de um evento no Rio de Janeiro na véspera da divulgação. Na ocasião, ele avaliou que as redes sociais amplificaram críticas de recenseadores sobre questões como a demora na liberação de pagamentos do Censo.

“A luz no fim do túnel já está dada”, disse Rios Neto, em referência à reta final da pesquisa.

Azeredo, o substituto de Rios Neto, vem sendo o principal porta-voz do IBGE a respeito do Censo. Na semana passada, ele afirmou estar “muito seguro” em relação às informações já divulgadas pelo instituto.

Às vésperas das eleições de outubro de 2022, a Assibge, que representa os servidores do órgão, publicou uma carta na qual pediu aos candidatos um “compromisso claro com o IBGE e com os seus trabalhadores”.

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A entidade defendeu, por exemplo, a realização de concurso público para reposição do quadro de funcionários e um “orçamento adequado” para a produção de pesquisas.

“O orçamento do IBGE tem sido progressivamente declinante em termos reais, prejudicando a capacidade de planejamento da instituição e de atendimento das demandas da sociedade no longo prazo”, disse o sindicato à época.

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
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