Na história humana, apareceu Jesus, e tudo mudou! Seu nascimento deu início a um movimento revolucionário, que chegou até os nossos dias: a superação de toda escravidão e a afirmação da dignidade humana. O seu testemunho, silencioso, mas, poderoso, tocou fundo na consciência humana. Seu primeiro gesto histórico:  Ele –o próprio Filho de Deus– ao nascer, optou por entrar a fazer parte da categoria dos mais humildes e desprezados de seu povo. Lucas anota no seu Evangelho: “Não havia lugar para eles na hospedaria”. Conheceu a fuga, o exílio e morou num vilarejo, mal considerado da Galileia, Nazaré.

Na sua vida pública, mostrou um amor preferencial pelos “impuros”, considerados “malditos” por aquela sociedade teocrática e vertical e chamou por seus colaboradores pessoas, vindas das categorias mais humildes do povo. Ao admitir entre os seus discípulos um grupo de mulheres, devolveu a elas aquela dignidade, que lhes era negada por aquela sociedade, machista e autoritária. De fato, a presença delas, no meio dos discípulos, suscitou escândalo e ironia, pois a mulher, na mentalidade oriental –por ter sido tirada da costela de Adão–, era considerada inferior ao homem, um seu “auxiliar” e uma sua escrava; também, por ter induzido Adão a desobedecer a Javé, tornando-se, assim, causa, junto com ele, da perdição humana.

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Relevante é a presença das mulheres no Evangelho. Maria é a mais notável: discípula por excelência de Cristo, bem-aventurada por sua fé, foi saudada pelo Anjo, como “a bendita entre as mulheres” e, “repleta da graça divina”. Sem concurso humano, gerou o Verbo Eterno, a quem deu o seu DNA: “Aquele, que o céu e a terra não podem conter, se conteve no seio de Maria” – canta um hino da Igreja. A ela, “trespassada por uma lança”, o Filho, morrente na cruz, entregou uma missão especial: cuidar de cada um de seus discípulos, como cuidou dele, no tempo de sua vida terrena.

Os Evangelhos mencionam, também: “Maria Madalena, curada de sete demônios; Maria, mulher de Cleofas; Joana, esposa de Cusa, ministro das finanças do rei Herodes; Susana e muitas outras, que assistiram Jesus com suas posses”; a Samaritana e a Cananéia, mais duas mulheres, merecedoras do mais alto louvor de Jesus, por sua fé e aquela mulher anônima do povo, que elevou à mãe de Jesus o mais rasgado elogio. E, Marta e Maria, irmãs de Lázaro, que acolheram Jesus, mais do que em sua casa, em seu coração.  E, foram as mulheres –como atestam os Evangelhos– as primeiras testemunhas da Ressurreição do Senhor e as suas primeiras missionárias.

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Um sinal dos tempos” –escreveu Papa João 23, na Carta-encíclica “Pacem in Terris” (1963)–  é a presença feminina, no mundo de hoje, e o reconhecimento de seu carisma específico: amar e servir, edificando, junto com o homem, um mundo novo, mais humano e fraternal. Nelas, se reflete a missão da Igreja: colaborar, com outras religiões e pessoas de boa vontade, para resgatar, na sociedade atual, os valores femininos, do altruísmo e generosidade, pois deles vai depender o próprio futuro da humanidade.

 

(*Padre Ernesto Ascione é missionário comboniano e vigário cooperador da Paróquia São José, Serra-ES.)

Foto do destaque: TC Digital

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