Policiais da Delegacia de Polícia Federal de São Mateus, deflagraram na manhã desta sexta-feira (4), a Operação Cristo Rey, com o objetivo de desmantelar uma associação criminosa dedicada à prática de crimes de promoção de migração ilegal e falsificação de selo ou sinal público.

Estão sendo cumpridos dois mandados de busca e apreensão em Barra de São Francisco e outro em Central de Minas (MG).

“O principal investigado nesta operação teve que entregar seu passaporte aos policiais e também foi cientificado da imposição pela Justiça Federal de Colatina de medida cautelar diversa da prisão, consistente na aplicação de uma fiança no valor de 50 salários mínimos” – acrescenta a PF.

O montante deverá ser recolhido por meio de depósito judicial no prazo de 48 horas, devendo informar o pagamento à Justiça e, no caso de descumprimento, será expedido mandado de prisão contra ele.

A ação contou com a participação de aproximadamente 16 (dezesseis) policiais e teve como objetivo além do cumprimento das ordens judiciais, a obtenção de novos elementos de prova para a conclusão das investigações.

ENTENDA O CASO

Em meados do ano passado, a Polícia Federal recebeu a notícia de que haveria uma agência de viagens no Município de Barra de São Francisco que atuaria como intermediária entre pessoas interessadas em imigrar para os Estados Unidos e “coyotes” que atravessariam ilegalmente essas pessoas na fronteira do México. “Os valores cobrados girariam em torno da quantia de US$ 25,000,00 (vinte e cinco mil dólares americanos). Os valores cobririam todo o processo de movimentação migratória, incluindo a confecção e retirada de passaporte em São Paulo, passagens com embarque a partir daquela cidade e chegada nos Estados Unidos sem sobressaltos alfandegários”, relata.

As migrações ilegais para os Estados Unidos utilizam “coyotes” que atravessam essas pessoas na fronteira do México. Foto: PF/Divulgação

A PF sustenta que os “contratos” celebrados entre a agência de turismo e os interessados, traziam os símbolos da Polícia Federal, com intuito de impressionar.

A PF sustenta que os “contratos” celebrados entre a agência de turismo e os interessados, traziam os símbolos da Polícia Federal, com intuito de impressionar. Foto: PF/Divulgação

No curso da apuração preliminar houve intensa cooperação dos policiais capixabas com o Oficialato de Ligação da PF em El Paso/Texas, com a unidade de inteligência da US Border Patrol, além da Adidância da PF em Washington.

Foram realizadas várias diligências, incluindo a coleta de inúmeros dados de interesse para a investigação, tais como valores cobrados, pessoas envolvidas no exterior, locais de embarque e permanência da migrantes e estratégias para a entrada ilegal no país norte-americano.

Foram identificados locais de permanência no México, antes de passagem para os Estados Unidos. Foto: PF/Divulgação

Existência de advogados

“Chamou à atenção dos investigadores a existência de advogados americanos contratados para atuarem nos processos dos migrantes eventualmente detidos e das possibilidades de manipulação das regras migratórias americanas no intuito de se adentrar naquela país” – reforça a PF.

RAZÃO DO NOME

O nome da operação é uma alusão ao monte (foto anexa) de mesmo nome que interrompe o curso do muro que separa os Estados Unidos do México na cidade fronteiriça de El Paso/Texas.

“A área é de propriedade da igreja católica que não permitiu que o muro fosse instalado sobre o local e que, em razão disso, é muito explorado pelos “coyotes” que operam no deserto que cobre toda a região”, diz a PF.

CRIMES INVESTIGADOS

Os investigados poderão responder pela prática do delito de Promoção de Migração Ilegal (Art. 232-A do Código Penal), Associação Criminosa (Art. 288 do Código Penal) e Fabricação de Selo ou Sinal Público (Art. 296 do Código Penal), podendo a pena chegar a 14 (quatorze) anos de reclusão.

ES é terceiro em migrações ilegais

A Polícia Federal registra que o número de brasileiros tentando ingressar ilegalmente nos Estados Unidos disparou em 2021. “Estima-se que 150 brasileiros foram detidos diariamente pelas agências policiais americanas no ano passado, chegando a quase 5000 por mês. Não há dados que indiquem quantos brasileiros conseguiram realizar a travessia organizada por grupos criminosos conhecidos por coyotes” – cita.

No ano fiscal norte-americano de 2018, foram documentadas 1.589 apreensões de brasileiros que ingressaram ilegalmente no país.  Em relação ao ano fiscal de 2020, em razão da pandemia do COVID-19, o número de apreensões de brasileiro diminui, totalizando 7.014 casos, segundo apurado pela PF.

“Com a flexibilização das restrições, no ano fiscal de 2021, foi registrado o recorde de apreensões de brasileiros, contabilizando então no mês de setembro, o assustador número de 78.842 casos.

Os capixabas compõem o terceiro maior grupo nesse universo de detidos, atrás somente dos Estados de Minas Gerais e Rondônia” – ressalta.

A Polícia Federal alerta que apesar da mudança no governo americano com a eleição do Presidente Biden, as regras migratórias americanas não foram flexibilizadas, a travessia ilegal pela fronteira mexicana, além de cara, é perigosa e traz riscos inúmeros às pessoas.

Além disso, as organizações criminosas dedicadas a esta atividade não têm nada a perder. Há inúmeros relatos de agressão, estupros, furtos e até mesmo abandono dessas pessoas no deserto americano pelos “coyotes“.

No começo de setembro de 2021, o corpo de uma brasileira de 49 anos foi encontrado durante uma patrulha de agentes norte-americanos em uma área desértica no Novo México, nos Estados Unidos.

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