A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e Sindipetros filiados vão retomar nesta semana as ações de oferta de combustíveis a preços justos à população. Já estão definidas mobilizações em São Paulo (SP) e Mossoró (RN), mas a entidade e seus sindicatos querem criar um calendário permanente para o Dia Nacional dos Combustíveis a Preço Justo, promovido na semana passada em diversas cidades do país, inclusive em São Mateus e Linhares. Por isso, a expectativa é que novas ações ocorram nesta e nas próximas semanas.

A FUP explica que a campanha tem como objetivo mostrar à população que os preços de gasolina, óleo diesel e gás de cozinha podem ser menores, se a Petrobras mudar a política de reajustes, baseada no Preço de Paridade de Importação (PPI). “Além disso, chama atenção para o prejuízo ao consumidor com a venda de ativos da empresa, em especial de oito de suas refinarias – uma privatização aos pedaços da companhia” – destaca.

“A criação de um calendário permanente para as ações proposta por FUP e Sindipetros se justifica. Afinal, na última semana o barril do petróleo Brent, que referencia o mercado internacional, atingiu quase US$ 70 e acumulou alta de 5,2% na semana. O dólar comercial se valorizou 1,39% no mesmo período, fechando a R$ 5,684. Como a Petrobras usa o PPI para reajustar seus preços, sem considerar os custos nacionais de produção dos derivados, a expectativa é que ocorram novos aumentos de gasolina, óleo diesel e gás de cozinha nesta semana, já que o petróleo e o dólar estão em alta” – calculou a FUP, antes do anúncio da Petrobras do novo reajuste desta terça-feira.

Combustíveis impactam toda a cadeia produtiva, o que pressiona a inflação

Para a Federação e sindicatos, somente o fim do PPI vai dar a previsibilidade necessária aos preços dos derivados. “Os combustíveis sobem nos postos, mas também impactam toda a cadeia produtiva e pressionam a inflação –uma dupla perda para a população. E caso a venda das refinarias da Petrobras se concretize, essa política de reajustes vai se tornar permanente” – frisa.

“A FUP e seus sindicatos defendem o fim do PPI desde sua instauração, em outubro de 2016. E frisamos que a venda das refinarias da Petrobras vai ser a instauração em definitivo dessa política de preços que olha somente para o exterior para colocar preço em combustíveis produzidos no Brasil, por refinarias brasileiras, da Petrobras. Quem comprar esses ativos poderá cobrar o preço que quiser, e obviamente se guiará apenas pelos valores internacionais. O bolso do consumidor vai doer ainda mais”, explica Deyvid Bacelar, coordenador geral da FUP.

Por isso, as entidades sindicais defendem que a Petrobras considere os custos nacionais de produção dos combustíveis nos cálculos, “já que a empresa usa petróleo nacional e o processa em suas refinarias no Brasil, que são capazes de suprir 90%, em média, dos combustíveis necessários ao abastecimento nacional”.

AÇÃO

Na semana passada foram ofertados 22 mil litros de gasolina a R$ 3,50, 10 mil litros de óleo diesel a R$ 3,09, e 450 botijões de gás de cozinha a R$ 40 (preços médios) em Manaus (AM), Belém (PA), Recife (PE), Simões Filho e Feira de Santana (BA), São Mateus e Linhares (ES), Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP).

Os preços foram definidos a partir de estudos elaborados por técnicos e economistas, levando em consideração os custos da Petrobras e a garantia de lucratividade de empresas produtoras, distribuidoras e revendedores. “Portanto, os valores definidos comprovam que o consumidor não precisa e não deve pagar essa conta”.

GREVE

As greves regionais iniciadas na sexta (5) entram no quarto dia com expectativa de novas adesões nesta semana. A mobilização foi iniciada no Espírito Santo, Amazonas e em São Paulo. Na Bahia, a categoria retomou por tempo indeterminado a greve temporariamente suspensa durante negociação com a Petrobras.

Trabalhadores e trabalhadoras da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, e da Usina do Xisto (SIX), no Paraná, já aprovaram o indicativo da FUP e devem aderir ao movimento nos próximos dias. A aprovação também já ocorreu em Minas Gerais, onde o Sindipetro-MG prepara o início da mobilização. Outras bases da FUP ainda realizam assembleias.

O movimento cobra da Petrobras condições seguras de trabalho, sobretudo no que tange à contaminação por Covid-19, além de chamar a atenção da população para os prejuízos da privatização aos pedaços, como a venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, para o Fundo Mubadala, por US$ 1,65 bilhão, valor abaixo do mercado.

FOTO DE DESTAQUE: Wellington Prado/TC Digital

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