Maria Rita –Irmã Dulce– nasceu em Salvador da Bahia em 26 de maio de 1914. Quando tinha 13 anos, visitava áreas carentes de sua cidade, junto com a tia Madalena, irmã de sua mãe, que tinha falecido: ia aos casebres da Baixada dos Sapateiros, conhecendo de perto a pobreza e o drama dos pais de família sem emprego e das crianças abandonadas.

O pai, Augusto, era dentista e lecionava na Faculdade de Odontologia do Estado: atendia gratuitamente aos mais necessitados. Em 1933, com 18 anos, logo após a formatura como professora, Irmã Dulce entrou na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição, em Sergipe.

Dois anos depois, em 1935, no dia 15 de agosto, fez a sua primeira consagração a Deus e aos pobres: mudou seu nome em Dulce, em homenagem à sua mãe.  Retornou a Bahia: sentindo o chamado a trabalhar com os pobres e doentes, serviu como enfermeira no Sanatório Espanhol.

Na Favela dos Alagados –onde os famintos competiam alimentos com os urubus– Irmã Dulce teve clara a sua vocação: estar com os pobres. Seus olhos, transfigurados pelo Amor, contemplavam a miséria geral, a imundície das favelas e, atrás de cada janela, as crianças famintas e desnutridas.

Um fato orientou sua vida: um pequeno jornaleiro veio ao seu encontro, pedindo um pouco de amparo e amor. Irmã Dulce não podia ficar indiferente: recolheu-o e o abrigou num galinheiro perto do Convento. Pronto: de um galinheiro nasce um hospital.

Começou a atender aí cerca de setenta pacientes. Irmã Dulce não esperava pelos doentes: ela própria ia ao encontro deles nas ruas e tocas de Salvador. Em um buraco, feito quarto, encontrou um homem, esperando pela morte…! O pequeno hospital crescia, como também as necessidades.

Depositava total confiança na Divina Providência e tinha uma enorme devoção a Santo Antônio de Lisboa: a ele recorria com imensa confiança.  Irmã Dulce dizia: “O pobre é o preferido de Deus; pois é a viva imagem de nosso Senhor Jesus Cristo e é bom não ofender a nosso Senhor!”.

A força desta irmã era a sua fragilidade: somente 40% de um pulmão oxigenava seu corpo frágil: sua magreza a tornava quase transparente. Em 1985, na alegria de seus 50 anos de vida religiosa, realizou o grande sonho: inaugurar o novo Hospital de Santo Antônio, com 954 leitos, o maior hospital da Bahia, onde o doente nada paga: basta ser pobre.

À noite, sentava-se uma ou duas horas, e esse era o seu descanso. Tudo era urgente para Irmã Dulce, pois “o pobre é Jesus e deve receber a melhor atenção!”. Aquela mulher, de hábito branco e azul, cabeça coberta com um véu azul, andando pelas ruas, era a grande missionária da misericórdia divina: nela Deus tornou visível o seu coração de Pai junto ao povo baiano. O dia litúrgico de Santa Dulce é celebrado em 13 de agosto. Como é bom invocar agora: Santa Dulce dos pobres, rogai por nós, junto com Madre Paulina, Nha Chica, Madre Teresa de Calcutá e padre Ibiapina.

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(*Padre Ernesto Ascione é missionário comboniano e vigário cooperador da paróquia São José, Serra-ES.)

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