Por José Maria Tomazela, Italo Lo Re e Lucas Thaynan – Estadão Conteúdo

A onda de calor, com temperaturas acima de 40ºC, já afeta a rotina escolar em ao menos três Estados. Em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, as aulas de Educação Física e atividades externas estão suspensas nas duas redes estaduais. As medidas valem enquanto durar o alerta de calor extremo lançado pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que ontem se estendia para 2.707 municípios do País. No interior paulista, uma unidade da Universidade Estadual Paulista (Unesp) chegou a suspender aulas presenciais.

Em Mato Grosso do Sul, o Inmet estendeu até a sexta o alerta para a onda de calor, válido para os 79 municípios do Estado. A previsão é de que a temperatura fique até 5ºC acima da média e passe dos 40ºC. Em cidades como Porto Murtinho, Coxim e Corumbá, as temperaturas já ultrapassaram 42ºC nos últimos dias. Segundo o coordenador estadual de Gestão Escolar da Secretaria da Educação, Adalberto Santos do Nascimento, nas 348 escolas da rede, do ensino fundamental ao médio, estão suspensas as aulas de Educação Física e atividades que envolvem exposição ao sol. “Temos quadras cobertas na maioria das escolas, mas mesmo nesses locais podem se formar bolsões de calor, que podem desidratar as crianças”, disse.

Atividades internas

A suspensão vigora das 10h às 16h. Nesse período, as atividades físicas ou extraclasse em área aberta serão substituídas por atividades dentro das salas, em ambiente climatizado. “O jogo de vôlei, por exemplo, pode ser substituído por jogo de damas ou xadrez, bem como leituras, revisão de matérias”, disse. Segundo o coordenador, as cantinas escolares foram orientadas a fornecer alimentação mais leve, com frutas, verduras e legumes. Nas salas de aula, há umidificadores por causa do ar seco.

Em Mato Grosso, as aulas de Educação Física e a recreação ao ar livre também estão suspensas na rede estadual. A medida vale entre 10h e 17h. A orientação é para que as atividades externas sejam substituídas por palestras, filmes, leitura e jogos de tabuleiro em locais protegidos. A prefeitura de Cuiabá adotou medidas semelhantes na rede municipal.

No Estado de São Paulo, a Faculdade de Engenharia e Ciências da Unesp em Guaratinguetá suspendeu as aulas no período diurno enquanto estiver em vigor o alerta de calor extremo do Inmet. A medida considerou também o fato de haver salas de aula com ar-condicionado funcionando mal ou fora de operação. Para evitar prejuízo ao calendário acadêmico, a adoção de aulas remotas online foi permitida em caráter excepcional.

Alerta máximo

Em todo o País, 2.707 municípios estavam nesta terça, 14, sob alerta máximo por causa da forte onda de calor desta semana, segundo balanço do Inmet. Isso representa quase metade das 5.565 cidades brasileiras. O órgão federal estendeu até sexta-feira o alerta de “grande perigo” em diferentes Estados. A situação atinge, principalmente, as Regiões Sudeste e Centro-Oeste, mas também se estende por outras localidades do País.

Na segunda-feira, 13, a cidade de São Paulo teve o dia mais quente do ano, também conforme o Inmet. A temperatura máxima foi de 37,7°C, a maior para um mês de novembro desde o início das medições, em 1943. Também foi a segunda maior temperatura registrada pelo Inmet em São Paulo ao longo desses 80 anos.

Foto: Ruslan Sikunov por Pixabay

O Inmet afirma que até sexta, 17, a onda de calor deve atingir os seguintes Estados: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro, além de Distrito Federal. Também devem ser afetadas áreas em Amazonas, Pará, Tocantins, Bahia, Piauí, Maranhão e Paraná.

“As temperaturas devem ficar 5°C acima da média por mais de cinco dias consecutivos”, disse o Inmet. O órgão afirma que, em cenários de “grande perigo”, estão previstos “fenômenos meteorológicos de intensidade excepcional”, com “grande probabilidade de ocorrência de grandes danos e acidentes”.

Segundo o Inmet, é a oitava onda de calor do ano no Brasil, com início em 8 de novembro, e persistência até, pelo menos, sexta-feira. O cenário, acrescenta o instituto, tem sido impulsionado pelo El Niño, fenômeno que favorece o aumento da temperatura em várias regiões do planeta. Segundo especialistas, o El Niño também está ligado à recorrência de temporais e ciclones no Sul do País e à severa estiagem na Amazônia, onde a seca dos rios tem atrapalhado o transporte fluvial e é registrado recorde de queimadas em alguns pontos da floresta. O Pantanal também sofre com uma alta de incêndios.

Foto do destaque: Fernando Frazão/Agência Brasil

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