“O juiz tem que ter Deus no coração e no cérebro, para fazer justiça. O grande juiz, o bom juiz, não julga de acordo com a letra fria da Lei, julga com bom senso”. A reflexão é de Antônio Carlos Facheti, que, após 30 anos de atuação na magistratura, sendo 25 deles na Comarca de São Mateus, afastou-se no dia 25 de março para aguardar o ato de aposentadoria.

Natural de Pancas, Facheti viveu a juventude em São Gabriel da Palha e, depois de formar a família, foi residir em Nova Venécia, onde começou a advogar e atuou como assessor jurídico da Prefeitura e da Coopnorte. Ele ingressou na magistratura em dezembro de 1988 e passou por Linhares, Montanha, Boa Esperança, Pinheiros, Afonso Cláudio e Aracruz, até ser promovido para a Vara Criminal de São Mateus em 23 de dezembro de 1993.

Facheti recorda que a magistratura foi mudando ao longo do tempo. Quando ingressou, não existia o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que fiscaliza o Poder Judiciário. Ele avalia que, em 1988, um juiz de Direito tinha maior credibilidade do que nos últimos dez anos. “A sociedade parece que respeitava como mais vigor”, afirma.

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Nesse ponto de vista, Facheti frisa que concorda com um amigo que dizia que, quando um prefeito e uma câmara de vereadores não administra e nem legisla bem, tem como se viver, mas “onde você tem um juiz que é corrupto, que não decide, que não agiliza, que não protege a sociedade, é difícil de viver”. Ele argumenta que o Judiciário é o último poder que a sociedade pode acionar em busca dos direitos.

Antônio Carlos Facheti reforça que conquistou credibilidade em São Mateus por procurar promover justiça, socorrendo os pobres e atendendo a todos que fossem ao gabinete dele. Lembrou inclusive de quando encabeçou uma comissão que buscou recursos para socorrer a Apae, que na época estava endividada e sem veículo para transportar os alunos. Ele cita que conseguiu os recursos para pagar as dívidas, comprar uma kombi zero quilômetro e ainda sobrou dinheiro.

Quando Facheti chegou à Comarca de São Mateus, existiam apenas três varas e ainda atendia a Jaguaré. Em 1995, ele foi o instalador da Comarca de Jaguaré e a Comarca de São Mateus, ao longo do tempo, foi recebendo outras varas, chegando a ter 10. Atualmente, são oito em atividade.

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Facheti recorda que, no início, o juiz não tinha assessor. Por isso, às vezes chegava ao fórum de madrugada para agilizar os processos, cujo papéis eram datilografados por ele mesmo. Com muito trabalho, o juiz reforça que contribuiu para evolução da Comarca, conseguindo primeiro uma estrutura da então Aracruz Celulose, no Bairro Santo Antônio, para a instalação de algumas varas. Posteriormente viabilizou o terreno para a construção de uma sede nova para a Justiça Estadual, no Bairro Nova Conquista, inaugurado em 2007.

CONCURSOS
Antônio Carlos Facheti entende que é preciso abrir concursos, com urgência, para ingresso de novos juízes no Espírito Santo. Ele argumenta que muitos magistrados se aposentaram e é necessária a reposição. Sobre reforma no Judiciário, afirma que necessidade mesmo é de um novo Código Penal, além de reduzir a possibilidade de tantos recursos que protelam os processos judiciais.

Magistrado planeja voltar a advogar

Com saúde e já determinado em não ficar parado, o juiz Antônio Carlos Facheti rechaça a ideia de deixar de trabalhar. Por isso o magistrado planeja reinscrever-se na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e voltar a advogar. Ele só aguarda sair o ato de aposentadoria para começar a colocar o projeto em prática, montando escritório em Linhares.

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Conforme disse, também não perde o lado espiritual. Como é de praxe, sempre está presente na missa de 11h, às segundas, quartas e sextas-feiras, na antiga Catedral (Matriz). “Tem que ser protegido por Deus”, reforça.

TRIBUNA DO CRICARÉ
Na entrevista desta quarta-feira, o juiz Antônio Carlos Facheti falou também com carinho do jornal Tribuna do Cricaré. Ele disse que acompanha a TC desde 1989, quando trabalhou pela primeira vez em Pinheiros. Um ritual que tem diariamente é ler a TC. Quando não tinha tempo de ler no Fórum, levava o exemplar para casa. Facheti avalia que Tribuna do Cricaré é o veículo de comunicação de maior importância para a região, mais inclusive do que os jornais de maior circulação no Estado.

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