Devotos mateenses ficaram impactados ao saberem do incêndio na Igreja de Santa Maria de Jesus, em Palermo, Sicília, na Itália, que atingiu os restos mortais de São Benedito. Líder do jongo dedicado ao santo negro, Dilzete Nascimento Pereira, a Nêga do Jongo, lamentou o ocorrido, mas enfatizou que a fé e devoção seguem inabaladas e ainda mais fortes.

“A devoção e a fé continuam firmes e mais fortes. A gente fica sem entender uma situação dessa. Há quantos anos essa imagem está lá e de uma hora para outra pega fogo. Não sei se São Benedito está falando alguma coisa para nós. Ainda não parei para analisar a situação” – comentou Nêga, que iniciou a devoção ainda na infância e a mantém viva.

Nêga do Jongo destaca que a devoção a São Benedito, co-padroeiro de São Mateus, continua inabalada. (Wellington Prado/TC Digital)

Ela ressalta que o momento é de tristeza com o que ocorreu na Itália. “Só sei que foi muito triste e pedimos a ele que fortaleça os nossos corações e impeça que pegue fogo em outros lugares também”, frisa.

Nêga do Jongo reforça que a fé não ficou abalada e ela continua “com São Benedito, pedindo cada vez mais para que ele proteja aquele povo da Itália”, que passa por momento de incêndios em decorrência da onda de calor na Europa. “A gente acredita na força que tem sobre nós” – sustenta. Ela acrescenta que continua com jongo louvando o santo negro.

O italiano padre Ernesto Ascione, que passou várias décadas em São Mateus e atualmente está na Serra, disse que conversou com parentes dele na Itália e eles lhe disseram que o calorão deu uma amenizada nesta sexta-feira.

Fincada do mastro

Nêga do Jongo recorda que a devoção por São Benedito iniciou quando ainda tinha em torno de sete anos, época em que residia no Bairro Porto. Conforme lembra, junto com vizinhos, frequentava as celebrações e catequese na Igreja de São Benedito.

De acordo com ela, aos 17 anos começou a tomar frente no Jongo de São Benedito, junto com o Senhor Salvino Pereira Rodrigues, sempre louvando o santo e mantendo uma tradição de fincada do mastro em 26 de dezembro, defronte a igreja, um dia antes da festa do co-padroeiro de São Mateus. Essa tradição ela faz questão de manter.

Padre Aldir demonstrou tristeza ao tomar conhecimento da tragédia. (Paróquia São Mateus/Divulgação)

“Senti muita tristeza”,
manifesta o padre Aldir

O clero da Diocese de São Mateus recebeu a notícia do incêndio na Igreja de Santa Maria de Jesus, em Palermo, Sicília, com espanto. “Foi um susto e senti muita tristeza pois ele é padroeiro de todos os trabalhadores. Faço votos que seu túmulo seja preservado e que continuemos sempre devotos do Santo” – manifesta padre Aldir Roque Lóss.

Atualmente pároco de Águia Branca, ele lamenta de não ter ido ao local onde ficou guardado o corpo, incorrupto, de São Benedito. “Não cheguei ir a Palermo, que fica no Sul da Itália. Não fui porque estava em Roma para fins de estudo a pedido do bispo Dom Aldo.

Então, não tinha muito tempo para passear e fazer visitas. Hoje vejo que se tivesse ido a Palermo teria sido um grande ganho para a nossa Igreja” – recorda.

Padre Aldir lembra que dom Zanoni Demettino Castro, terceiro bispo de São Mateus e atualmente arcebispo de Feira de Santana, tinha um amigo padre que sempre participava nas missas dos festejos mateenses de São Benedito.

“Um dia ele falou da vontade de trazer os restos mortais do Santo Padroeiro dos cozinheiros para São Mateus, visto a profunda e significativa devoção com São Benedito.

Sabíamos que isso era praticamente impossível dado as grandes dificuldades de se encaminhar esse processo canônico. O que podemos fazer mesmo é orarmos e agradecer a Deus por esse Santo querido no meio de nós ser sempre lembrado” – disse.

Fiéis salvam relíquias

De acordo com a imprensa italiana, fiéis tentaram salvar o corpo incorrupto de São Benedito em meio ao incêndio na Igreja Santa Maria de Jesus, em Palermo. Conforme relatam, eles conseguiram guardar parte dos restos mortais, como ossos, mas o corpo foi destruído no incêndio.

A imprensa italiana atribui o incêndio em Palermo à onda de calor que atinge a Europa neste Verão do hemisfério norte.

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