VINICIUS TORRES FREIRE E GABRIEL ALVES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Fechar uma escola já é um problema. Parte de uma cidade como São Paulo, ainda mais. Como fazer o “lockdown”?
As medidas de restrição têm consequências sérias e precisam de planejamento rigoroso, lembra Mirian Dal Bem, doutora em infectologia e médica do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo.
“Vamos fechar escolas, mas muitas crianças deste país dependem da escola para comer. Outras vão para casa e vão ser cuidadas por quem? Algumas podem infectar seus avós cuidadores. Também não adianta fechar escolas de modo descoordenado, cada um por si. Enfim, tem de haver orientação: não vai para a escola mas não vai também para outra aglomeração, para o shopping, Temos de ser rigorosos do mesmo modo como a Itália está sendo agora”.
Como fazer? Não existem regras claras sobre fechar ou não estabelecimentos, escolas, aeroportos e fazer grandes quarentenas, segundo Michael Ryan, chefe do departamento de emergência da OMS em Genebra. Trata-se, em essência, de uma decisão com base na avaliação de risco de cada país e de aceitabilidade -alguns lugares, por exemplo, podem não lidar bem com determinados tipos de proibição.
O especialista deu o exemplo de que na China escolas foram fechadas, enquanto em Singapura, não -dois países usados como exemplos positivos da contenção do vírus (a China tem o maior número de casos, mas sua curva de crescimento parou de aumentar).
“Em países com números menores de casos [como no Brasil], distanciamento social não tem o mesmo impacto imediato de rastrear contatos com pessoas doentes, isolamento desses contatos e de casos, e quarentena de contato. Isso significa que você está perseguindo o vírus”, afirma Ryan.
“Quando você perde o fio do vírus, você precisa criar distanciamento social entre todo mundo, porque você não sabe quem está contaminado. É uma substituição pobre para ações de saúde pública agressivas no início, mas pode ser a única opção quando você não sabe mais onde o vírus está”, diz o especialista da OMS.
O nível de rigor do governo pode fazer toda a diferença, se vai sugerir que as orientar que as pessoas evitem contatos ou se vai proibi-los, lembra Kraenkel, da Unesp. Também é uma incógnita se as pessoas vão seguir as recomendações governamentais.
Ele reconhece que há dificuldades. “É fácil para mim, professor universitário, orientar meus alunos a distância. Mas para alguém com empregos com horários fixos ou que estejam tentando se virar na vida podem ter dificuldades para manter o distanciamento de outras pessoas: não vão ganhar dinheiro, o patrão vai descontar os dias de falta etc.”

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