VICTORIA AZEVEDO

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O senador Magno Malta (PL-ES) fez uma fala transfóbica durante evento que marcou a posse da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro no comando do PL Mulher, nesta terça-feira (21), em Brasília.

No mesmo encontro, o deputado Eduardo Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro, tratou com ironia discurso transfóbico feito pelo deputado bolsonarista Nikolas Ferreira, no Dia Internacional da Mulher.

No palco ao lado de demais autoridades, Magno Malta afirmou que mulheres são mais fortes do que os homens, porque “mulher tem útero”.
“Mas tem uma coisa que as faz assim: mulher nasceu com uma peça a mais. Os homens são mais fracos porque têm essa peça a menos e nunca vão ter, nem com cirurgia nem querendo nem com ideologia. Mulher tem útero. [Homens] nunca terão”, afirmou.

As declarações ocorrem duas semanas após o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) colocar uma peruca e fazer um discurso transfóbico no plenário da Câmara dos Deputados.
Naquele dia, Nikolas disse que mulheres têm perdido espaço para “homens que se sentem mulheres”. “Eles estão querendo colocar uma imposição de uma realidade que não é a realidade”, afirmou o deputado.

Nikolas foi criticado por parlamentares e sofreu uma reprimenda pública do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no próprio dia. Ele também virou alvo de notícias-crimes enviadas ao STF (Supremo Tribunal Federal) e teve um pedido de cassação protocolado no Conselho de Ética da Câmara.

Como a Folha mostrou, no entanto, apesar da articulação de partidos políticos para cassar o deputado bolsonarista, líderes partidários afirmam que a perda de mandato é improvável. Na avaliação desses líderes, deve receber uma advertência, censura ou, no máximo, suspensão pela fala.

Esse caso foi tratado com ironia por Eduardo Bolsonaro no evento desta terça. No momento em que Nikolas foi chamado ao palco para se juntar às autoridades, Eduardo pegou o microfone das mãos do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e disse:

“Deputado Nikolas vai definir agora o que é uma mulher”.
Valdemar e demais pessoas presentes no evento riram da intervenção. “Muito boa”, disse o presidente do PL.

Valdemar já havia saído em defesa de Nikolas nas redes sociais. Dois dias após o parlamentar ter feito o discurso transfóbico, Valdemar disse que o deputado tem apoio da direção nacional do PL, que ele deve ser respeitado e que “a liberdade de expressão e suas prerrogativas parlamentares serão sempre defendidas” pelo partido.

No evento desta terça apenas duas mulheres discursaram no palco no primeiro momento: Michelle e a deputada federal Soraya Santos (PL-RJ), que passou o cargo de presidente do PL Mulher à ex-primeira-dama.

Por outro lado, cinco homens discursaram: o ex-presidente Jair Bolsonaro, em vídeo; Valdemar Costa Neto; Magno Malta; o líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes; e o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello.

Depois das falas iniciais, ocorreram debates temáticos apenas com mulheres.
A ex-primeira-dama é considerada uma aposta do PL para a eleição de 2026. O presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, no entanto, afirmou à imprensa antes de o evento começar que ela não tem pretensões de se candidatar a nenhum cargo.

O partido também avalia que a ex-primeira-dama poderá atuar para aumentar o número de mulheres filiadas à legenda. Para isso, ela deverá fazer caravanas pelo país. Em seu discurso nesta terça, Michelle disse que dará o melhor de si “para o crescimento efetivo da participação da mulher na política brasileira”.

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